Existem possibilidades que só a universidade pode proporcionar. No meu caso, falo principalmente do contato com filmes que eu, provavelmente, não assistiria por conta própria. "Little Ashes" e "Basquiat" foram alguns deles - e alguns dos melhores.
Mas o mais improvável, até hoje, foi que eu assistisse "Clube da Luta". Querendo ou não, é fato que o título pesa na hora de atrair a minha atenção. Ainda mais se ele indica mais ou menos - nesse caso, uma pequeníssima parte - o tema do filme. Esse, certamente, não me atrairia.
Cheguei ao mesmo por ter visto, semana passada, que teríamos no programa de uma das matérias desse semestre - Sociologia da Moda - um trecho desse filme. Resolvi aproveitar o feriado para assisti-lo. Eis que me surpreendo: é maravilhoso. Não sei se o momento pelo qual estou passando agora foi o fator essencial para "Clube da Luta" ter me atingido de maneira absurda, mas foi o que ocorreu.
A luta não é o mais importante. É a crise existencial, a sensação de que a questão "qual é a importância de nós, que fazemos parte dessa última geração?" paira sobre nossas cabeças, e mesmo assim não damos atenção. A sensação de que acreditamos que a nossa identidade é construída pelas coisas que construímos e temos, e não por algo a mais - e olha que isso é uma coisa que me confunde absurdamente. A existência de um conformismo com uma profissão que muitas vezes não queremos - e isso foi um ponto ALTÍSSIMO pra mim nesse filme, alguns entenderão profundamente o que quero dizer -, seja qual for o motivo que nos leve a isso.
Isso tudo sem falar nas surpresas que o roteiro nos reserva...
O filme é excelente e atual, embora tenha já seus 12 anos. E, para quem está em uma crise, pode ser um soco no estômago - com o perdão do trocadilho.