sexta-feira, 24 de março de 2017

A infinitude assusta.

Enquanto esperava sentada em um jardim, ouvi estudantes de ensino médio - que estavam de passagem - aparentemente aflitos com o fato de ter de escolher um curso universitário que definiria "o resto da vida". Internamente, ri. Ri porque já ouvi essas palavras saindo da minha boca anos atrás e cá estou, com um resto da vida completamente diferente da ideia inicial.
Talvez eu queira dar mais profundidade à questão do que o necessário - se é que há alguma profundidade aqui, rs -, mas o ponto é que talvez ainda não tenha passado pela cabeça da garota aflita que, na verdade, nada precisa ser definitivo - e muitas vezes não é, e nem deveria ser. Sempre há uma outra opção em caso de mudanças na direção do desejo.
E o melhor é que sempre temos opções em todas as áreas da vida - profissional, pessoal, em relacionamentos. E ainda bem. Porque a possibilidade de uma infinitude de "mais do mesmo", se o "mesmo" não é bom o suficiente, pode ser realmente assustadora. Assustadora porque pode gerar tédio, e a minha relação com o tédio já ficou bem clara por aqui, imagino - rs.

There is always a way out. Thanks, universe.

quarta-feira, 22 de março de 2017

Em meio a um estado de sonolência - que é frequente, para não dizer constante, rs -, divaguei - coisa que também tem ocorrido com assiduidade -: o fato de ficarmos mais calados em redes sociais ou com colegas/amigos em geral tem alguma coisa a ver com maturidade?
Talvez não, é provável que seja apenas preguiça. Preguiça ou tédio - ou ambos. Tédio de conversas rasas, ou das que se pretendem profundas mas são recheadas de clichês. Clichês me deixam entediada. Muito.
Mas quero falar sobre o tédio. Esse é um parasita corrosivo. Perigoso, até. Tédio é o meu câncer na alma - obrigada Caio Fernando, por apresentar a expressão. E câncer a gente combate todos os dias, senão espalha e toma conta de tudo.
Ao mesmo tempo em que é maligna, essa monotonia é curiosa. Ocorreu-me que talvez a aproximação/manifestação dela seja o que impulsiona o ser humano a criar e mudar coisas ao seu redor.
Precisamos de mudanças, não só porque o mundo vive em processo evolutivo - e aqui vale salientar aquela noção de que evolução nem sempre é algo positivo como, por exemplo, a evolução de um câncer, rs -, mas porque, como diz o chavão - e eu reclamei dos clichês nas conversas, tsc -, "a rotina mata". Mata porque com ela vem o tédio.
Estar entediado pode ser produtivo pois, em busca de algo que altere o estado de monotonia, o ser acometido por esse câncer pode decidir fazer algo interessante, como pintar, compor, criar enfim.
Mas, claro, há quem entre em processo de entropia tediosa: o tédio pode gerar ainda mais tédio, por preguiça - ou incapacidade - de encontrar algum remédio que o trate. E aí, as células cancerígenas tomam conta, fim de jogo.
Sei lá, pensei nisso e animei-me para escrever. Mas agora não sei se perdi o fio da meada ou se fiquei entediada - novamente -, então melhor parar.

terça-feira, 21 de março de 2017

Literature class.

I'm getting sleepy
Sleepy is the girl on the corner of the classroom
Classroom is a place where I get inspired
Inspired I feel when I start drawing
Drawing is the way I have to deal with my mind
Mind is something curious and mysterious
Mysterious is the universe
Universe is something gigantic and I don't know my role in it
It is gigantic and magnificent
Magnificent is the existence, even if we don't know what it is
Is it possible to know the reason of existing?
Existing, darling, is hard
Hard is this chair in which I'm sitting
Sitting makes me feel sleepy
Sleepy, really sleepy, so I don't know anymore if I'm awake or if I'm sleeping
Sleeping is good, but I'm not sleeping yet, am I?

segunda-feira, 20 de março de 2017

Eu falava sobre a minha impressão de que sempre a humanidade deixa - e provavelmente sempre deixará - alguma compreensão acerca de si mesma escapar. E uma dessas coisas que escorrem pelas mãos é o entendimento da razão de fazermos algumas das coisas que fazemos.
Projeções encaixam-se aí, entre as coisas que fazemos sem saber o motivo - pelo menos eu não sei. Muitas vezes as relações que vivemos confundem-se em projeções, sejam elas constituídas por expectativas otimistas ou apenas frustrações. Passamos boa parte do tempo projetando nos outros as nossas próprias cargas de expectativas futuras e frustrações passadas. Aí entram as charadas sobre as quais eu falava em outro canto daqui, sobre entender passado, futuro e presente, nossa própria existência e o nosso papel na existência dos outros.
Mesmo que tenhamos alguma explicação psicológica para as coisas - a forma como fomos criados, traumas de infância, sei lá eu -, se é que é o caso, é incrível pensar como essas experiências dão origem a resultados tão abstratos dentro do cérebro e nos levam a ter determinados comportamentos.
E aí que no meio dessas projeções podemos perder a noção de realidade. E qual é o limite entre a realidade das situações e o reflexo das projeções? Quero dizer, até que ponto as projeções interferem na verdade das relações?
A verdade... A verdade vem sendo caçada há séculos, e ainda ninguém sabe sequer a sua definição. Dentre as teorias da verdade pelas quais andei passando os olhos, nesse momento tendo a acreditar que a que mais se aproxima de uma certeza é a que, a princípio, considerei mais absurda: a verdade é aquilo que é conveniente para nós naquele instante. E, se é mesmo isso, se a conveniência é quem dita os limites da realidade, meus caros, estamos perdidos, porque nem a ciência - com todas as suas mudanças de posições sobre benefícios ou malefícios de alimentos, remédios e tratamentos que custo a acreditar que ocorram apenas como consequência de novas descobertas -, em que tendemos a crer por apresentar supostas "bases sólidas", escapa.
Pode ser desesperador pensar que, na realidade, a verdade não existe.

terça-feira, 7 de março de 2017

Aquela bagunça habitual.

Às vezes quando as coisas tornam-se mais confusas, acabam por tornarem-se mais interessantes, pois há de se escavar um pouco mais para atingir a compreensão acerca daquilo que se quer compreender. What? Rs.

Observamos os fenômenos na natureza. Deles, elaboramos teorias que os expliquem, teorias que são sustentadas pelo acontecimento desses fenômenos - pela sua comprovação, então. A teoria, então, nos dá a possibilidade não só de compreender (e até prever) certos acontecimentos, mas também nos fornece o poder de transformar os fenômenos, ambientes, etc. "Saber é poder" (Bacon). Se desse processo de observação/compreensão do funcionamento dos fenômenos gera-se o poder de transformá-los, surge então o conhecimento. Se isso, então, é conhecimento, e a ciência deixou de ser contemplativa e passou a ser aquilo que transforma os arredores, então conhecimento é ciência. E ciência, por conter conhecimento capaz de alterar o meio, é poder.
Mas 'trabalho' também é a capacidade de transformar o meio em que vivemos. E trabalho é cultura, porque essa última é o resultado de tudo o que o homem produz para construir sua existência - ou seja, transformação. Mas se a cultura é capaz de transformar, ela também é poder. 
Seria então cultura uma forma de ciência? Diz-se que, de um modo geral, não. O que realmente distingue cultura de ciência, se as duas tiverem base na observação - comparemos um remédio produzido em laboratório e um remédio com ervas in natura ministrados por um indígena que produzam ambos resultados positivos, por exemplo-? O poder econômico.

Eu queria acreditar que o meu professor estava muito cheio das teorias da conspiração capitalista - não sei se esse termo existe, rs -, mas acho que ele, na verdade, pode ter razão. And that's sad. É triste porque ganha o investimento aquele que atende melhor aos interesses dos investidores. E aí, my friend, convencer os bosses de que as humanidades merecem mais investimento é difícil. E falta de investimento pode acabar com a auto-estima dos humanistas. A entropia profissional começa aí.

Céus, quanta besteira. E eu nem bebi.


Entrevista sobre epistemologia que rendeu esse texto:
https://www.youtube.com/watch?v=ZaQ0v0AaEx0

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Cheesy game.

Paixões, vícios, grandes estórias, dramas, complicações, trabalho duro. Sempre achei as coisas intensas extremamente belas.
Mas servem de que?
Para manter a vida ativa, talvez, para fazer valer a existência.
É difícil saber o que faz valer a existência, se sequer sabemos o porquê dela em si.
A existência assemelha-se a um grande jogo de tabuleiro, no qual para andar uma casa, é necessário decifrar uma charada atrás da outra. Charadas que misturam passado, presente e futuro, seu entendimento acerca de sua própria razão de ser e do seu papel na existência dos outros.
It's hard, baby. A gente joga um jogo cujas regras não sabemos, tampouco quando acaba ou o prêmio para o vencedor - e nem se há um prêmio ou vencedor.
Talvez o prêmio seja apenas - e não é pouca coisa - a oportunidade de jogar.



Fuck, these words sound cheesy, don't they?

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

(...) Vontade! - assim se chama o libertador e o mensageiro da alegria: - eis o que vos ensino, meus amigos; mas aprendei também isto: a própria vontade é ainda escrava.
O querer liberta; mas como se chama o que aprisiona o libertador?
"Assim foi": eis como se chama o ranger de dentes e a mais solitária aflição da vontade. Impotente contra o fato, a vontade é para todo o passado  um malévolo espectador.
A vontade não  pode querer para trás: não pode aniquilar o tempo e o desejo do tempo é a sua mais solitária aflição.
O querer liberta: que há de imaginar o próprio querer para se livrar da sua aflição e zombar do seu cárcere?
Ai! Todo o preso enlouquece! Também loucamente se liberta a vontade cativa.
A sua raiva concentrada é o tempo não retroceder; "o que foi"; assim se chama a pedra que a vontade não pode remover.
E por isso, por despeito e raiva, remove pedras e vinga-se do que não sente como ela raiva e despeito.
Assim a vontade, a libertadora, tornou-se maléfica; e vinga-se em tudo que é capaz de sofrer, de não poder voltar para trás.

Nietzsche knows stuff.