quinta-feira, 30 de agosto de 2018
Quem viu, não desverá. Quem souber, não dessaberá. E o que fazer com a imagem captada, com a consciência? De que adianta ter consciência do fim e do que deve ser feito até a chegada dele? E o que há de ser feito, se alma alguma sabe ao certo? E para que ser feito, se no fim o fim chega? Penso, penso e canso. E nauseio. E penso se há alguma função em pensar, e se não é melhor desistir de. Talvez sim, talvez não, talvez entre os dois. Não sei em que momento caí nessa armadilha que é a consciência da realidade. E tampouco sei se é armadilha, se há consciência ou realidade. Então lembrei de uma memória antiga, que já nem sei se memória ou invenção - ou as duas, ou uma na outra, ou a outra na uma. Quando era pequena - e nunca deixei de ser e nunca deixarei, nos mais diversos sentidos físicos e melosamente pseudo-existenciais e poéticos -, às vezes via as coisas pelos meus olhos e não sabia se aquilo que achava que era eu - a minha pessoa - existia. Vez ou outra caio nessa de não saber se existo ou se sou ilusão de algo ou alguém. Vejo as coisas pelos meus olhos, respiro pelo meu nariz, falo através da boca, escuto pelos ouvidos e simplesmente não sei o que sou ou faço. E não é brincadeira ou viagem causada por qualquer substância. É o que é, seja lá o que isso quer dizer - se é que isso é alguma coisa e se quer dizer alguma.
segunda-feira, 20 de agosto de 2018
terça-feira, 14 de agosto de 2018
Decisions about time
When someone decides whether what really exists is only the present (my here and now and stuff) or only the past and future (moving from one side to another, no matter which side this moviment starts from) and the present doesn't exist, please, let me know. Right now I'm just too lost to decide which path to follow, thanks.
terça-feira, 7 de agosto de 2018
Contradições
Acho que o maior esforço que pode existir, no fim das contas, é o de não cair em contradição consigo mesmo. Foi Hilda Hilst quem disse que "se você é coerente consigo mesmo, o resto é suportável". Questiono a minha coerência e ela tem sido questionada também por terceiros - ou seriam segundos, considerando que quem questionou antes fui eu? Agora estou confusa. -, e isso é algo extremamente interessante e importante. Uma das minhas incoerências está em uma questão específica com a arte.
Sempre tive interesse por arte e sei que, conscientemente, levanto a bandeira de que todos devem ter acesso a qualquer tipo de expressão artística que seja. Porém, ao mesmo tempo em que defendo essa democratização, percebo-me vez ou outra caindo em algumas armadilhas que talvez sejam criadas pelo meu ego e pelo seu fruto, o egoísmo.
Explico-me: gosto de arte de uma forma geral, mas não costumo gostar daquilo que torna-se extremamente comercial. Romero Britto e seus coloridos repetitivos em caixas de sabão em pó, por exemplo, passam, para mim, longe da ideia de arte. Por não parecerem ter um propósito, uma mensagem e por serem extremamente vendáveis, suas obras apresentam-se para mim como uma imagem qualquer que atrai crianças por suas cores. Por outro lado, uma performance da Marina Abramović - que embora seja hoje bastante popular, ainda não é tão facilmente digerível pelo grande público quanto Romero Britto - agrada-me imensamente, não só por sua preciosidade enquanto trabalho com os limites do corpo e a busca pelo sagrado, mas também pelo caráter mais exclusivo, em um sentido menos popularesco.
Há também uma espécie de "mania indie/hipster" da qual tento me livrar, que é a de gostar das coisas enquanto elas não caem no gosto popular. Quando caem, pareço considerar que perdem seu valor. Mas não é bem assim que as coisas deveriam funcionar, já que defendo que a arte deve espalhar-se e ser alcançada por todos.
Se quero uma sociedade com maior nível cultural - que fique claro que não é minha intenção ser arrogante ou posicionar-me como parâmetro de qualquer coisa - com quem seja aprazível conversar, devo incentivar que o "intimista", ou o que considero como um nível mais elevado de arte - plástica, musical, qualquer delas - torne-se um pouco mais popular no sentido de atingir mais pessoas. E se, de alguma forma, o Romero Britto ajudar alguém a interessar-se mais por outras artes, então faço as pazes com ele.
Sempre tive interesse por arte e sei que, conscientemente, levanto a bandeira de que todos devem ter acesso a qualquer tipo de expressão artística que seja. Porém, ao mesmo tempo em que defendo essa democratização, percebo-me vez ou outra caindo em algumas armadilhas que talvez sejam criadas pelo meu ego e pelo seu fruto, o egoísmo.
Explico-me: gosto de arte de uma forma geral, mas não costumo gostar daquilo que torna-se extremamente comercial. Romero Britto e seus coloridos repetitivos em caixas de sabão em pó, por exemplo, passam, para mim, longe da ideia de arte. Por não parecerem ter um propósito, uma mensagem e por serem extremamente vendáveis, suas obras apresentam-se para mim como uma imagem qualquer que atrai crianças por suas cores. Por outro lado, uma performance da Marina Abramović - que embora seja hoje bastante popular, ainda não é tão facilmente digerível pelo grande público quanto Romero Britto - agrada-me imensamente, não só por sua preciosidade enquanto trabalho com os limites do corpo e a busca pelo sagrado, mas também pelo caráter mais exclusivo, em um sentido menos popularesco.
Há também uma espécie de "mania indie/hipster" da qual tento me livrar, que é a de gostar das coisas enquanto elas não caem no gosto popular. Quando caem, pareço considerar que perdem seu valor. Mas não é bem assim que as coisas deveriam funcionar, já que defendo que a arte deve espalhar-se e ser alcançada por todos.
Se quero uma sociedade com maior nível cultural - que fique claro que não é minha intenção ser arrogante ou posicionar-me como parâmetro de qualquer coisa - com quem seja aprazível conversar, devo incentivar que o "intimista", ou o que considero como um nível mais elevado de arte - plástica, musical, qualquer delas - torne-se um pouco mais popular no sentido de atingir mais pessoas. E se, de alguma forma, o Romero Britto ajudar alguém a interessar-se mais por outras artes, então faço as pazes com ele.
terça-feira, 31 de julho de 2018
Tentava decifrar vocábulos quando caí em uma fenda do tempo. Não soube onde estava ou porquê.
A inquietação, o compasso desritmado causou-me vontade de desintegrar. Extinguir. Mas depois... Depois quis crescer. Ser maior do que esse buraco negro, essa toca de coelho cujo tamanho ninguém sabe, tampouco a razão de existir.
A inquietação, o compasso desritmado causou-me vontade de desintegrar. Extinguir. Mas depois... Depois quis crescer. Ser maior do que esse buraco negro, essa toca de coelho cujo tamanho ninguém sabe, tampouco a razão de existir.
segunda-feira, 30 de julho de 2018
Questão
O que é mais poético: aquilo que nos une, que nos faz compreender uns aos outros - a empatia, o "sentimento de humanidade" -, ou aquilo que torna cada um único, específico, o que nos faz "stand out in the crowd"?
Talvez não seja necessário eleger apenas uma dessas situações como o maior "estado de poesia" e ambas possam coexistir - e/ou alternar-se nos momentos propícios/necessários.
Talvez não seja necessário eleger apenas uma dessas situações como o maior "estado de poesia" e ambas possam coexistir - e/ou alternar-se nos momentos propícios/necessários.
terça-feira, 3 de julho de 2018
When is enough enough?
Ler um enorme número de bons livros não significa ler o suficiente. Ver uma grande quantidade de bons filmes e boas obras de arte não significa ver o suficiente. Ouvir as melhores músicas, com as mais profundas letras e melodias não significa ouvir o suficiente. Discutir infinitamente sobre assuntos interessantes e/ou importantes - feminismo, educação, política, homofobia, you name it - não significa discutir o bastante. Querer algo com cada fibra que compõe o seu corpo talvez não signifique querer o bastante. Amar algo com toda a força da sua alma talvez não implique em amar o suficiente. Esforçar-se para entender de assuntos e pontos de vista diversos com toda a dedicação e capacidade do seu cérebro talvez não implique em esforçar-se o suficiente.
Talvez nada seja o suficiente, nunca, porque mudamos, porque as coisas alteram-se e assim também o fazem as situações. Talvez essa busca pelo "ponto de suficiência" seja o que nos move. Embora muito instigante, é um processo exaustivo. E em alguns momentos brincamos de ser estúpidos - isso partindo do pressuposto de que normalmente não o somos, rs, e aí não sei se é arrogância ou a realidade - só para dar uma pausa ao desassossego.
Há certa poesia na inquietação, mas há também uma agonia sem fim. Vale a pena?
Talvez nada seja o suficiente, nunca, porque mudamos, porque as coisas alteram-se e assim também o fazem as situações. Talvez essa busca pelo "ponto de suficiência" seja o que nos move. Embora muito instigante, é um processo exaustivo. E em alguns momentos brincamos de ser estúpidos - isso partindo do pressuposto de que normalmente não o somos, rs, e aí não sei se é arrogância ou a realidade - só para dar uma pausa ao desassossego.
Há certa poesia na inquietação, mas há também uma agonia sem fim. Vale a pena?
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