Em uma sessão, foi-me dito que crenças são criadas para serem comprovadas. Em outras palavras, nós as criamos na expectativa de termos razão - claro, caso contrário, qual seria o ponto, não é mesmo? Dã. O problema é que aparentemente não há uma distinção entre crenças positivas e negativas. Mas as crenças sobre as quais estou falando não são de cunho religioso. Não. São crenças mais relacionadas com a personalidade, ações e relações de quem crê, interagindo com pessoas, personalidades, ações e relações outras. Ok.
Exemplificando: Se uma pessoa crê que é fracassada, ela agirá de modo a comprovar que sim, ela é fracassada. Aparentemente estúpido, mas (involuntariamente, creio) acontece. Sabotagem.
A questão é mais profunda que isso, lógico, mas é que fiquei me perguntando se fazemos esse tipo de coisa só para termos controle e certeza sobre alguma crença, ainda que seja uma que dependa totalmente de nós mesmos - desconsiderando as dificuldades internas. Ter uma certeza no meio de todas as incertezas pode parecer atraente. Ainda que uma certeza ruim. Ainda que uma certeza sobre a qual temos controle (teoricamente) para modificar, quando ruim.
Well, sei lá. Papo de autoajuda. E eu quero ajuda de álcool, please.
Acho que quero ser belief-free. Rs.
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
domingo, 28 de agosto de 2016
Meio complicado, meio esquisito, sei lá.
Ainda não comecei a ler o livro que acabei de baixar. Falo como se estivesse tendo uma conversa interna com essa página em branco, rs. "O Livre Arbítrio", de Santo Agostinho. É esse o livro de que falo. É que ando para cima e para baixo com uma ideia fixa. Certa, errada, tando faz. Mas é uma ideia. Comecemos.
O livre arbítrio que acreditamos ter é, na verdade, limitado. Alguém já deve ter falado sobre isso, mas ainda não li. Quando ler, volto a escrever, talvez com outra visão.
O fato é que, pelo fato de sermos como somos - cada um com seu conjunto de complexidades -, temos uma gama de ações e decisões que somos capazes de tomar ou não.
Primeiramente, nesse conjunto de complexidades, vêm as questões estabelecidas pela genética. É nesse primeiro ponto que uma considerável parte do que teríamos de livre arbítrio já nos é roubada. Temos deficiências, transtornos mentais - graves ou não -, orientações - sexuais, por exemplo - e limitações que já não nos permitem fazer uma parcela do que supostamente seríamos livres para fazer. Já nos é colocada uma barreira antes mesmo de tomarmos consciência sobre as possibilidades existentes.
Em seguida, temos as relações. A primeira delas também não escolhemos: a familiar. E essa já molda e transforma o indivíduo de uma maneira extremamente forte e, algumas vezes, de forma irreversível. Em outro livro que estou folheando - O Ciclo da Auto-sabotagem -, o psicólogo cita casos de pacientes que buscam inconscientemente em suas relações a reprodução - ou o complemento - de tudo o que tiveram - ou deixaram de ter - na infância com seus pais. Ou seja, inconscientemente, já não somos tão livres para escolher os tipos de relações que queremos, pois em maior ou menor grau estamos condicionados a buscar um modelo - independente de qual seja - que já foi digerido e fossilizado em nosso íntimo como sendo o necessário para estarmos em nossa zona de conforto familiar - por mais desconfortável que a relação possa, na verdade, ser.
Por fim, as próprias relações outras que estabelecemos com as mais diversas pessoas ao longo da vida - e as situações que envolvem esses relacionamentos - vão nos moldando de tal maneira que em algum ponto, nós mesmos acabamos por tomar atitudes - ou deixamos de tomá-las - sem nem conseguirmos explicar o motivo. Estamos, de alguma forma, sim, condicionados.
Somos livres para escolher e fazer uma série de coisas, claro. Mas a gama de possibilidades parece ser, no fim das contas, bem mais limitada do que pensamos. A saída é tomarmos o máximo de conhecimento sobre nós mesmos para, talvez assim, sermos realmente livres.
Complicado.
O livre arbítrio que acreditamos ter é, na verdade, limitado. Alguém já deve ter falado sobre isso, mas ainda não li. Quando ler, volto a escrever, talvez com outra visão.
O fato é que, pelo fato de sermos como somos - cada um com seu conjunto de complexidades -, temos uma gama de ações e decisões que somos capazes de tomar ou não.
Primeiramente, nesse conjunto de complexidades, vêm as questões estabelecidas pela genética. É nesse primeiro ponto que uma considerável parte do que teríamos de livre arbítrio já nos é roubada. Temos deficiências, transtornos mentais - graves ou não -, orientações - sexuais, por exemplo - e limitações que já não nos permitem fazer uma parcela do que supostamente seríamos livres para fazer. Já nos é colocada uma barreira antes mesmo de tomarmos consciência sobre as possibilidades existentes.
Em seguida, temos as relações. A primeira delas também não escolhemos: a familiar. E essa já molda e transforma o indivíduo de uma maneira extremamente forte e, algumas vezes, de forma irreversível. Em outro livro que estou folheando - O Ciclo da Auto-sabotagem -, o psicólogo cita casos de pacientes que buscam inconscientemente em suas relações a reprodução - ou o complemento - de tudo o que tiveram - ou deixaram de ter - na infância com seus pais. Ou seja, inconscientemente, já não somos tão livres para escolher os tipos de relações que queremos, pois em maior ou menor grau estamos condicionados a buscar um modelo - independente de qual seja - que já foi digerido e fossilizado em nosso íntimo como sendo o necessário para estarmos em nossa zona de conforto familiar - por mais desconfortável que a relação possa, na verdade, ser.
Por fim, as próprias relações outras que estabelecemos com as mais diversas pessoas ao longo da vida - e as situações que envolvem esses relacionamentos - vão nos moldando de tal maneira que em algum ponto, nós mesmos acabamos por tomar atitudes - ou deixamos de tomá-las - sem nem conseguirmos explicar o motivo. Estamos, de alguma forma, sim, condicionados.
Somos livres para escolher e fazer uma série de coisas, claro. Mas a gama de possibilidades parece ser, no fim das contas, bem mais limitada do que pensamos. A saída é tomarmos o máximo de conhecimento sobre nós mesmos para, talvez assim, sermos realmente livres.
Complicado.
sexta-feira, 19 de agosto de 2016
Cá, eu (fui até o ponto).
Não sou de ilustrar textos, mas como acredito que, em algumas situações, atraímos o que habita os nossos pensamentos, assim calhou de ser, e essa imagem me caiu no colo, despretensiosa.
Há tempos divago sobre a complexidade do ser humano em si. Mais ainda, do cérebro.
Parece que não interessa o quão racionais e precisos possamos ser nessa busca eterna de apreender o significado de existir e o porquê de funcionarmos do jeito que funcionamos. Lá no fundo, sempre há um outro mistério. Lá dentro de algum lugar que não sei bem se é o cérebro ou a alma, há sempre algo que deixamos escapar.
Gesticulamos sem entender a razão do gesto. Buscamos situações para saciar a fome de emoções, e muitas vezes não sabemos de que é essa fome, ou a razão de a termos.
Existe um labirinto interno, com um começo e um fim, onde o começo parece ser a simples existência - do ser e das situações - e o fim é a completa compreensão do significado de tudo isso. O caminho de um ponto a outro é complexo, confuso, cheio de idas e vindas, mas vale o esforço (ou, pelo menos, queremos acreditar que sim).
P.S.: A imagem é obra da artista argentina Sofia Bonati. Amorzinho descoberto ao acaso e cujas obras me lembram algo de Klimt, não sei por quê.
segunda-feira, 25 de julho de 2016
Desespero Agradável
"Insaciável", disse a psicóloga com um sorriso no canto da boca enquanto analisava o desenho astral, ou qualquer que fosse o nome daquele emaranhado de formas, números, linhas e cores que dizia dizer algo sobre sua personalidade. Insaciável.
E aí subia a rua pensando em poesia. Não na poesia em si, mas no ato de "ser poético". Porque diziam que ser poético era característica de algo bonito. E ela adotou o adjetivo, embora nunca tivesse realmente gostado de poesia. Dizia que não entendia. Talvez fosse estúpida demais para entender, pensava. Ou apenas preguiçosa. Mas não, a burrice era uma alternativa que julgava lhe caber melhor. Seria auto-sabotagem? Não saberia dizer. Afinal, a necessidade de descobrir se era isso a levou para aquele consultório, para início de conversa. "Insaciável" foi a palavra. Será? Será que a sensação de não saber de nada era apenas uma armadilha para que buscasse mais? E mais, e mais, e nunca o suficiente armazenado nessa massa cinzenta que às vezes lembra um peso para papel, porque estática, desprovida de raciocínio. Inútil.
Mas na verdade o ser poético era por ser bonito e às vezes havia beleza - ou poesia, não saberia dizer - onde supostamente não deveria. Beleza na auto-sabotagem. Beleza nas armadilhas. A insaciedade parecia poética. Mas não saberia dizer. Não entendia. Não.
terça-feira, 19 de julho de 2016
Morangos Mofados, Desespero Agradável, Tudo Caio, Tudo Caio...
"Como uma cópula moral, uma foda ética ou etílica, sabe-se lá a que requintados níveis de abstração, perversidade ou subterfúgio podem chegar certas trepadas."
Caio, nós teríamos sido amigos, com certeza.
Caio, nós teríamos sido amigos, com certeza.
sexta-feira, 15 de julho de 2016
Desertos.
- O que é que você estava lendo?
- Nada, não. Uma matéria aí numa revista. Um negócio sobre monoculturas e sprays.
- What about?
- Heim?
- O que você estava lendo.
Ela tossiu. Depois pareceu se animar.
- Umas coisas assim, ecológicas, sabe? Dizque se você só planta uma espécie de coisa na terra por muitos anos, ela acaba morrendo. A terra, não a coisa plantada, entende? Soja, por exemplo. Dizque acaba a camada de húmus. Parece que eucalipto também. Depois aos poucos vira deserto. Vão ficando uns pontos assim. Vazios, entende? Desérticos. Espalhados por toda a terra.
O disco acabou, ele não se mexeu. Depois, recomeçou.
- Assim como se você pingasse uma porção de gotas de tinta num mata-borrão - ela continuou. - Eles vão se espalhando cada vez mais. Acabam se encontrando uns com os outros um dia, entende? O deserto fica maior. Fica cada vez maior. Os desertos não param nunca de crescer, sabia?
- Sabia. - ele disse.
- Horrível, não?
Caio Fernando Abreu - Morangos Mofados.
Assim como é o solo, é a alma humana. Se plantamos as mesmas coisas durante muito tempo, alimentamos um deserto. Mesmo que sem querer, mesmo que com toda a boa intenção. Talvez por isso o desassossego. E creio que não seja só meu - é coletivo. Novos alimentos, novos nutrientes para a alma.
É por isso que a rotina mata - na maior parte das vezes. Uma infinidade de mesmices de ações e sentimentos que vão desgastando um solo que não gera mais satisfação. E aí a gente tenta fugir da rotina. E fugir da rotina se torna uma rotina. E aí é um deserto dentro do outro.
Resultado? Terapia, rs. Terapia é o ego se gabando porque você precisa dar ainda mais atenção a ele. Soa egocêntrico, mas é útil. É como converter um inimigo em amigo. E aí chega de desertos, pois encontramos a medida certa de todas as sementes.
Que chegue a próxima sessão.
- Nada, não. Uma matéria aí numa revista. Um negócio sobre monoculturas e sprays.
- What about?
- Heim?
- O que você estava lendo.
Ela tossiu. Depois pareceu se animar.
- Umas coisas assim, ecológicas, sabe? Dizque se você só planta uma espécie de coisa na terra por muitos anos, ela acaba morrendo. A terra, não a coisa plantada, entende? Soja, por exemplo. Dizque acaba a camada de húmus. Parece que eucalipto também. Depois aos poucos vira deserto. Vão ficando uns pontos assim. Vazios, entende? Desérticos. Espalhados por toda a terra.
O disco acabou, ele não se mexeu. Depois, recomeçou.
- Assim como se você pingasse uma porção de gotas de tinta num mata-borrão - ela continuou. - Eles vão se espalhando cada vez mais. Acabam se encontrando uns com os outros um dia, entende? O deserto fica maior. Fica cada vez maior. Os desertos não param nunca de crescer, sabia?
- Sabia. - ele disse.
- Horrível, não?
Caio Fernando Abreu - Morangos Mofados.
Assim como é o solo, é a alma humana. Se plantamos as mesmas coisas durante muito tempo, alimentamos um deserto. Mesmo que sem querer, mesmo que com toda a boa intenção. Talvez por isso o desassossego. E creio que não seja só meu - é coletivo. Novos alimentos, novos nutrientes para a alma.
É por isso que a rotina mata - na maior parte das vezes. Uma infinidade de mesmices de ações e sentimentos que vão desgastando um solo que não gera mais satisfação. E aí a gente tenta fugir da rotina. E fugir da rotina se torna uma rotina. E aí é um deserto dentro do outro.
Resultado? Terapia, rs. Terapia é o ego se gabando porque você precisa dar ainda mais atenção a ele. Soa egocêntrico, mas é útil. É como converter um inimigo em amigo. E aí chega de desertos, pois encontramos a medida certa de todas as sementes.
Que chegue a próxima sessão.
segunda-feira, 20 de junho de 2016
Youth
"You say that emotions are overrated. But that's bullshit. Emotions are all we've got."
I've said, more than once, things about feelings, gestures and stuff. I'm a sentimental person, you know, it's not like something I can choose. I just am. And then I've chosen this movie, "Youth", to watch at the cinema. And the thing is: the movie is all about how people deal with their crap.
Young people, as they show, are up to everything: adventures, huge emotions and relationships. But the old folks seem to hide from these things. They rather become neuter and apathetic than live a big amount of hapiness or a big amount of sadness. You may say it's obvious to avoid sadness, but I don't think I do it now or I'll do it when I get older.
The reasons for this apathy can vary a lot. Maybe, old people are afraid of suffering, because they've suffered a lot before. Or maybe they're just tired of making an effort to understand what feelings are all about. I don't know. But, in fact, I strongly agree with Mick Boyle. Emotions are all we've got. Actually, they're all we are. So, if you avoid emotions, you have nothing. You are nothing.
I've said, more than once, things about feelings, gestures and stuff. I'm a sentimental person, you know, it's not like something I can choose. I just am. And then I've chosen this movie, "Youth", to watch at the cinema. And the thing is: the movie is all about how people deal with their crap.
Young people, as they show, are up to everything: adventures, huge emotions and relationships. But the old folks seem to hide from these things. They rather become neuter and apathetic than live a big amount of hapiness or a big amount of sadness. You may say it's obvious to avoid sadness, but I don't think I do it now or I'll do it when I get older.
The reasons for this apathy can vary a lot. Maybe, old people are afraid of suffering, because they've suffered a lot before. Or maybe they're just tired of making an effort to understand what feelings are all about. I don't know. But, in fact, I strongly agree with Mick Boyle. Emotions are all we've got. Actually, they're all we are. So, if you avoid emotions, you have nothing. You are nothing.
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