E não é um monstro bonitinho como aqueles de filmes infantis, que querem apenas assustar as criancinhas. É um monstro que causa asco, perturbação e espanto de um modo doentio.
Ele aparece nos momentos em que você percebe que por muito tempo não se importou com uma boa parte da sua família, e também naqueles em que você pensa "por que essa criatura está vindo falar comigo agora, se nunca falava? É porque agora estou perto? É porque agora está doente?" ao invés de simplesmente aceitar, de bom grado, uma aproximação.
É um monstro que te faz se achar superior, que faz você nem olhar para o trabalho dos seus colegas, porque na sua cabeça o seu trabalho é o mais fantástico, e ponto. É ele que também te faz ignorar e ironizar pessoas, só porque cansou das brincadeiras idiotas que elas fazem, ou porque simplesmente não vai com a cara delas.
É um bicho, um roedor, que faz com que você se sinta a pior pessoa do universo quando percebe as merdas que faz, e que nunca tinha reparado ou, se sim, havia deixado passar, pensando mais uma vez que era bobagem se importar.
E o difícil é expulsar esse monstro, porque na primeira notícia boa, na primeira conquista que você fizer, ele irá se camuflar novamente, pois o incômodo da sua presença passará - temporariamente, mas passará.
O negócio é, então, tentar nunca esquecer a sensação de dividir a sua alma com "outra" criatura, e assim tentar diariamente fechar as portas para esta.
Yes, that's all about me myself.