segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

(Não) É Pra Já.

Existem coisas que não podem ser resolvidas de uma hora pra outra.
Por exemplo, a minha falta de inspiração - e vontade, é verdade - para escrever aqui nos últimos tempos. Um texto não simplesmente pula no meu cérebro e vem pronto para ser publicado.
Distâncias também não se resolvem do nada. Não é porque existe o avião que a todo tempo podemos pegar um. Precisamos do dinheiro para comprar a passagem, do transporte para chegar ao aeroporto - e a gasolina -, e de um lugar pra ficar na chegada.
Conversas não podem ser realizadas a todo o tempo. Dependendo de qual assunto seja, a internet e seus programas não são meios ideais para resolvê-lo.
Tudo leva tempo, cálculo. O que será dito deve ser pensado com calma, para que desastres - ou apenas desentendimentos, falhas na comunicação - não ocorram. Não, não é que conversas espontâneas não existam, mas é que estou falando de coisas mais sérias.
A minha falta de comunicação, o meu fechamento - já reclamado por muitos, várias vezes - também não é algo que possa resolvido só porque todos - e, eventualmente, eu também - querem. Existem coisas que não desejam - sim, as coisas/assuntos não desejam, não apenas eu - e não precisam ser compartilhadas. E ponto. Ninguém precisa saber de tudo, e é esse o problema: todo mundo quer saber de tudo. E não é assim que funciona.
Mas às vezes se quer tanto resolver um assunto, daqueles que não devem - e não merecem - ser falados pela internet, mas o diabo da distância impede que seja falado pessoalmente. E aí o que se pode fazer? Esperar. Esperar até aquele(a) seu(sua) amigo(a) retorne para que possa te ajudar. Ou que você vá até lá, pra falar um monte de besteiras.
E no final das contas, não importa. As conversas podem não sair como eram esperadas.


P.S.: e pra quem ficou com a impressão, eu não sou fria e calculista, relaxe. =)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Dying Changes Everything

É incrível observar como o comportamento das pessoas com relação umas às outras começa a mudar quando a questão "morte" começa aparecer.
Por exemplo, quando se descobre que determinada pessoa da sua família, que nem é próxima de você, tem alguma doença como o câncer. Inicia-se uma repentina preocupação, um tal de "nossa, mas eu preciso falar com ela(e), porque ela(e) pode morrer e eu nem dei atenção.
Um monte de besteira, na minha opinião, porque aqui não existe absolutamente nada de altruísta, é uma bobagem egoísta, porque pretende livrar um sentimento de culpa que surge pela constatação de que, a vida inteira, você não deu bola pra alguém que hoje pode morrer.
Se duvidar, as pessoas param até de falar mal do moribundo, porque se torna "feio".
Quanta bobagem! Se a indiferença foi sempre sincera, por que mudar no último instante para uma preocupação fingida?

Às vezes nem é necessário que determinada criatura esteja doente, basta que esteja envelhecendo. "E se morrer e a última coisa que eu fiz com ela(e) foi brigar?", é o que aparece na mente. E aí deixamos a briga pra lá, novamente sendo egoístas, evitando um possível futuro sentimento de culpa.

Seria isso o resultado de todas aquelas questões pregadas sobre reencarnação, por exemplo? De ter que voltar continuamente enquanto houver uma questão não resolvida - não que uma briga vá fazer você voltar, eu acho -? Ou mesmo no Antigo Egito, onde acreditava-se que o coração - considerado a sede da consciência e onde pesariam as boas e más ações - seria pesado por Anúbis em uma balança com uma pena como contra peso, e tendo que ser o coração mais leve do que a mesma para que a alma pudesse ir para o paraíso?
Essa necessidade de altruísmo fingido seria resultado de todas essas crenças? Provavelmente.

Outra coisa que ocorre é a santificação de pessoas que já morreram. Parece que depois que determinada pessoa sai do meio de convivência, percebe-se que ela era, na verdade, uma criatura muito boa, sem defeitos, pura maravilha.

É porque falar mal de morto é feio, ?







P.S.: só estou falando sobre isso porque tenho visto muitas séries, ok? Não está acontecendo nada.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O Homem Cordial na Universidade

Entre os diversos textos e livros com os quais precisei ter contato esse ano, destaca-se o chamado Raízes do Brasil, do Sérgio Buarque de Holanda - sim, o pai do amado Chico. O capítulo destacado para a leitura a ser feita por nós alunos foi "O Homem Cordial".
Não pensem que "cordial" aqui é um elogio, no sentido de "afetuoso, franco e sincero" (Dicionário Michaelis), mas sim uma espécie de ironia, um desprezo por ser algo "relativo ao coração".

Esclareço-me: o homem cordial seria aquele que relaciona qualquer atividade da vida - principalmente a profissional - ao coração. É aquele que carrega uma grande carga dos valores familiares, a ponto de não conseguir distinguir as relações profissionais de um modo que possa fazer parte de uma rede eficiente de produção. Vou exemplificar melhor: é aquele que não consegue ao menos competir com seu colega de trabalho por um determinado cargo, justamente por ele ser seu colega e por essa concorrência ser, de certa forma, contrária aos valores familiares. Não quero dizer que os colegas tenham que lutar até a morte para se sobressaírem aos outros, mas eles precisam fazer o seu melhor para chegar a algum lugar, mesmo que isso signifique que nem todos os colegas alcançarão o mesmo cargo.
Nesse mesmo capítulo, fala-se da existente necessidade, que algumas pessoas têm, de criar laços de amizade juntamente com as relações comerciais: o vendedor transforma, muitas vezes, seu freguês em amigo, assim como o freguês escolhe o vendedor com o qual mais simpatiza para comprar algo.

O ruim do homem cordial não seria então seu conjunto de boas maneiras, sua franqueza e sua sinceridade, mas sim a mania de dar um tom emotivo a todas as suas relações - principalmente as que não são familiares.

Na época em que lemos esse texto, foi pedido que analisássemos o homem cordial na universidade, o que, no caso, corresponderia às nossas relações com os colegas.
É nesse ponto que começo a analisar os trabalhos em grupo, aqueles tão famosos pela existência de uma espécie de padrão quase unânime e freqüente: uma parte do grupo faz o trabalho, enquanto a outra se encosta (é mentira?).

Por que nos sujeitamos a carregar aqueles 2 ou 3 - quando não mais - que em nada acrescentam no trabalho? Vejo aqui duas possibilidades: ou os ditos "encostados" são amigos nossos, aos quais não queremos prejudicar - em questão de nota, porque o aprendizado não pode ser feito por osmose só porque queremos ajudá-los -, ou existe um medo de criar um ambiente um tanto hostil para conviver com essas criaturas pelos próximos anos do curso, no caso de falarmos todas as verdades.

Para acabar com esse homem cordial, é lógico o que deve ser feito: os encostos não devem ser tolerados e cada um deve trabalhar como pode ou mesmo como lhe é designado fazer. Mas existe esse medo da hostilidade, além do medo de, um dia, necessitar de um favor profissional desse mesmo colega que foi criticado por não ajudar em nada - e que poderia então não te ajudar, porque você não o "ajudou" em outra época.
O problema é que sempre temos medo dessa possível "vingança", porque esse costume, o de vingar algo que não nos agrada, existe - e não me diga que nunca pensou, nem um segundo, em vingança, seja profissionalmente ou não.

Em uma civilização ideal, o colega, pra começo de conversa, nem se encostaria, e sim faria o seu trabalho. Mas no caso de se encostar e outro colega - aquele que faz o trabalho - reclamar, o encostado enxergaria e consertaria seu erro, e nem pensaria em se vingar pela reclamação, pois não haveria motivo, considerando que o errado seria ele.
Porém, como não existe essa civilização, ficamos nessa de ter medo de eventuais necessidades de ajuda e de futuras vinganças e acabamos ficando calados, fazendo o melhor trabalho possível, sozinhos. E afogamos nossas mágoas resmungando com os outros colegas que fazem.

Para quem se ilude: isso nunca vai acabar, viu?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Relembrando o que não deveria.

"E até quem me vê lendo o jornal na fila do pão, sabe que eu te encontrei." (Los Hermanos - O Último Romance)

Faz agora quase um ano desde a última vez que vi/falei com o Mr. Platônico 2009. Parece que foi ontem que entreguei, tremendo, o primeiro desenho que fiz pra ele - eu bem sei o esforço hercúleo necessário para essa entrega.
No tempo imaginário - que na minha concepção é construído por uma linha de lembranças e não acompanha o tempo cronológico real -, não faz um ano desde a última vez que eu fiquei na fila do caixa da padaria lembrando dessa música e pensando que, se fosse real - o que era imaginário -, talvez fosse realmente visível tudo o que se passava em mim.
Não esqueci toda a tristeza e tudo de ruim que já quis falar por tantos motivos.

Mas é engraçado ver como o tempo passa e sua cabeça se ocupa de tantas outras coisas que você até esquece um pouco do que passou - não definitivamente, é claro.
É só que agora eu lembrei, ouvindo Los Hermanos, logicamente. Acho até que me obrigo a lembrar, justamente pra não gastar mais desenhos com esse tipo de coisa (HA HA).

Não me perguntem o motivo de eu ter voltado a esse assunto. Eu não sei. Talvez sejam as férias. Sabe como é: "cabeça vazia, oficina do diabo". Ou qualquer coisa assim.


"Sinto que é como sonhar, que o esforço pra lembrar é a vontade de esquecer." (Los Hermanos - O Vento)

Parei.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Leite e Nescau

Já me foi dito, certa vez, que não podemos querer que a vaca - estou falando no sentido literal, não é xingamento, acalmem-se - nos dê leite com Nescau, porque a única coisa que ela pode nos dar, com certeza, é o leite. O Nescau... Bem, o Nescau você arruma, se fizer questão.
A metáfora, na época, foi utilizada para falar de pessoas - e aqui, nesse momento, o propósito é o mesmo.
O que quero dizer é que cada um dá aquilo que pode - quando quer, é claro, há essa questão também -, dentro de suas limitações. Não estou falando de limitações financeiras - embora se encaixe no assunto também -, mas sim de limitações sentimentais, presenciais, ou sei lá..
Na verdade, a questão é a seguinte: não posso querer que alguém esteja aqui "ao lado" o tempo todo, porque existem outras coisas no meio, que eu nem sei o que são, mas estão lá, impedindo, pois têm de ser resolvidas.
Mas também tá tudo certo, porque de vez em quando, de quando em vez, aparece o leite. E o Nescau eu arrumo.




And, anyway, if we decide to be angry and talk all the stuff we want, the milk can dry. Forever. Or, at least, for a fucking long time.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

E assim foi o fim.

O sol nascia lentamente. Um raio pálido entrava pelo canto da janela que a cortina não cobria, pois não fora puxada até o fim - Giullia fora puxada antes de terminar a ação.
O raio invasor iluminava seus cabelos louros e cacheados, criando ao redor deles uma aura quase angelical.
A pele, branquíssima, refletia a luz, que competia em palidez. Sua boca estava ligeiramente aberta, e indicaria um sono tranqüilo, não fosse o filete de sangue que escorria dela e manchava o lençol branco, agora já seco. O vermelho que ali ficou contrastava com o azul elétrico dos seus olhos, abertos e vidrados - outro indício de que ela já não dormia.
Já não respirava mais havia três horas, agora que o relógio marcava 5:40 da manhã.
Exceto pelo fato de que Giullia estava morta, tudo no apartamento parecia normal. Na escrivaninha, apenas um bilhete com duas palavras - "ela mereceu" - e um batom vermelho, servindo de peso para o papel.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Diversas imagens, um ser.

Há algumas semanas fui a uma "aula" de mitologia grega relacionada aos dias atuais. Na verdade, formávamos um grande grupo que, guiado pela história de Édipo, refletia sobre as falas dele e das demais personagens e, a partir daí, "filosofávamos" loucamente. Estou falando tudo isso para chegar a um ponto específico da conversa.
Em determinado momento - e aqui está o ponto -, falou-se das imagens que criamos das pessoas, e mesmo dos objetos. Por exemplo, a imagem que temos das nossas mães durante nossa infância e que, em alguns casos, não muda ao longo do nosso crescimento, pois nunca (?) achamos que nossas mães mudaram, enquanto pessoas de fora dessa convivência podem perceber essas alterações e ter imagens diferentes dessa mesma pessoa.
A partir desse ponto, comecei a pensar no que eu e as pessoas ao meu redor, no que nós pensamos sobre mim.
Já vi gente de um determinado grupo de amigos - e as características a seguir geralmente são observadas por amigos meus que provém do círculo de amizades da minha mãe - me achando legal, amorosa e qualquer outra coisa que eu geralmente não consigo identificar muito em mim mesma (é sério). Outros (amigos ou não) acham - com imensa razão, na maioria das vezes, aí posso garantir - que sou grossa, briguenta, chata e suas derivações. E não estou querendo fazer ninguém dizer que estou/estão enganada/enganados, embora possa parecer.
Apesar de todas as rotulações feitas pelas poucas pessoas com as quais tenho contato, existe uma imagem que se sobrepõe às outras: a que eu faço de mim. Pode ser considerada a mais importante - não que eu não goste de saber quais são as outras, é claro, não sou hipócrita, nesse sentido, pelo menos -, por ser eu a conviver com minhas paranóias, manias e doenças todos os dias, e por ser impossível mentir para essa pessoa - as sensações que aparecem juntamente com cada fato que ocorre não permitem disfarces.
Nessa reunião, falou-se que nenhuma dessas imagens é a absolutamente verdadeira, e que cada um pode ter uma (ou várias) interpretações, não sendo necessário que uma anule a outra.
Talvez - e acho que há grande probabilidade - as diferentes imagens que fazem de uma mesma pessoa só dependam da situação em que a observamos. Por exemplo: amigos da minha mãe e alguns amigos meus me viram várias vezes em ambiente familiar - tranqüila, sem pressa, sem irritações, sem barulhos desnecessários, brincando, rindo -, enquanto outros amigos/colegas me viram em sala de aula - irritadiça, resmungando, reclamando do barulho, séria, emburrada.
Então talvez seja tudo uma questão de interpretar essas diversas imagens - levando em consideração a situação em que a pessoa foi observada e a partir da qual foi gerada a imagem - e misturar tudo, porque em algum ponto cada uma delas estará certa (será?), e isso nos dará uma imagem mais precisa de alguém/algo (?).

Sei lá, eu só queria escrever algo. Talvez não tenha dado muito certo, mas é isso aí.