quinta-feira, 22 de novembro de 2018

"A memória é a mais épica de todas as faculdades. Somente uma memória abrangente permite à poesia épica apropriar-se do curso das coisas, por um lado, e resignar-se, por outro lado, com o desaparecimento dessas coisas, com o poder da morte."

BENJAMIM, Walter.

Quando penso na vida e seus mistérios, tentando achar algum sentido, e me deparo com essas coisas no meio dos estudos sobre literatura, me conforto com a ideia de talvez ter escolhido o caminho certo a seguir.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Ideologia verde e amarela

Meu partido
É o meu próprio umbigo
E as ilusões foram reinflamadas
Os meus sonhos foram bem aquecidos
Por um alguém a quem chamamos de mito
Ah, ele é um mito
E aquela garota que busca a verdade em tudo
Verdade em tudo
Frequenta agora as festas do comandante

Meus heróis dominam a propria sorte
Meus inimigos querem doutrinar pela TV
Ideologia
A minha é antipêtê
Ideologia
A minha é antipêtê

O meu prazer
É questionar outras vidas
Seu sex, suas drugs
E todo o seu rock and roll
Eu vou postar várias coisas ambíguas
Para ninguém poder saber quem eu sou
Ah, saber quem eu sou
Pois aquele garoto que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Agora assiste a tudo apoiado no muro

Meus heróis superam até a morte
Meus inimigos mamam na Lei Ruanê!
Ideologia
Sem gênero pra você
Ideologia
Só se for a do Jotabê.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Vocábulos não dão conta do que somos. Tentamos definir-nos em milhares de adjetivos - que costumam caracterizar aparência, personalidade e nossas relações conosco e com os outros - e substantivos - nome, profissão, gênero, sexo, papel social - mas, no fundo, nada disso dá conta do que, individualmente, somos. Adjetivos e substantivos e todas essas coisas são tentativas falidas de autocompreensão. Uma grande bobagem.
Palavras são coletivas, comuns, e no uso de cada uma estão intrínsecas características compartilhadas por vários universos - a linguagem e a língua são coisas coletivas -, e cada universo desses é cada um de nós e comporta uma subjetividade ilimitada e sem precedentes. Somos universos imensos e não conhecemos nossos limites, assim como é imenso e aparentemente ilimitado o universo externo a nós. Se o externo causa desassossego constante, o interno não perde em nada na categoria de gerador de caos. Caótico universo desassossegado, dentro e fora.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Romantismo desnecessário.

Não sei identificar exatamente de onde aprendi, mas sempre achei muito bonito o "trabalho duro". Sempre me emocionei ao ver as pessoas que vendem pipoca nas paradas de ônibus, ou salgadinhos dentro dos transportes, e quando pensava na minha vida, a achava fácil demais. Ainda acho, tenho consciência dos meus privilégios.
Hoje, nesse cenário em que estamos, no qual parece realmente que as chamadas minorias precisam se juntar para combater um vilão, daqueles mais esdrúxulos e óbvios de qualquer estória infantil, tendo a achar esse movimento de resistência algo de uma beleza imensa. Até aí, ok. Mas aí eu penso: será que vai ser sempre assim, uma batalha sem fim? Será que as coisas só são válidas e lindas se forem difíceis, suadas? Será mesmo que só valorizamos a liberdade e a felicidade quando estamos prestes a perder ambas? Parece que sim. Entenda, estou me incluindo nesse grupo, no conjunto das pessoas que só consegue perceber a real importância das coisas quando elas estão prestes a sumir - ou quando somem de fato -, por mais que, no fundo - e nem precisa ir tão fundo assim -, eu tenha plena consciência do quão errado isso é.
Aí eu acho que entra o papel do romantismo desnecessário. Somos ensinados que o caminho mais difícil é sempre o mais correto, e pode até ser que seja, mas parece que gostamos de adicionar algumas dificuldades por conta própria, para que a suposta vitória seja supostamente mais merecida.
E se tudo ficasse bom, e não precisássemos "combater o mal", no melhor estilo mocinho-e-bandido? Será que ficaríamos todos satisfeitos? Ou procuraríamos algo mais pelo que lutar/brigar? Por mais utópica que seja essa situação de paz completa, suspeito que, mesmo que a tivéssemos, arrumaríamos algo para perturbá-la, porque talvez a paz leve à monotonia e ao tédio, e parece que, nessa situação, a vida passa a ser vista como longa demais.
Costumamos repetir a máxima "a vida é curta" quando a situação se complica e nos pegamos brigando por coisas que supostamente são bobas. Mas imagina se não houvesse pelo que brigar. Sobraria bastante tempo e, com ele, talvez, o tédio.
Outra coisa que fazemos, é associar grandes obras artísticas a grandes sofrimentos - pessoais e/ou históricos. Põe na conta Frida Kahlo, Amy Winehouse, Goya, Picasso, Chico Buarque... A lista não acaba. E se não tivesse sofrimento?
Aldous Huxley, em seu Admirável Mundo Novo, fala algo sobre a dimensão que a felicidade ganha quando ela convive com sofrimentos, em comparação ao tamanho dessa felicidade quando ela está em um ambiente sem conflitos. A felicidade sofrida parece sempre ser maior.
Enfim, não estou necessariamente defendendo que é mais bonito com ou sem sofrimento. É só que me bateu um cansaço.

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Quem viu, não desverá. Quem souber, não dessaberá. E o que fazer com a imagem captada, com a consciência? De que adianta ter consciência do fim e do que deve ser feito até a chegada dele? E o que há de ser feito, se alma alguma sabe ao certo? E para que ser feito, se no fim o fim chega? Penso, penso e canso. E nauseio. E penso se há alguma função em pensar, e se não é melhor desistir de. Talvez sim, talvez não, talvez entre os dois. Não sei em que momento caí nessa armadilha que é a consciência da realidade. E tampouco sei se é armadilha, se há consciência ou realidade. Então lembrei de uma memória antiga, que já nem sei se memória ou invenção - ou as duas, ou uma na outra, ou a outra na uma. Quando era pequena - e nunca deixei de ser e nunca deixarei, nos mais diversos sentidos físicos e melosamente pseudo-existenciais e poéticos -, às vezes via as coisas pelos meus olhos e não sabia se aquilo que achava que era eu - a minha pessoa - existia. Vez ou outra caio nessa de não saber se existo ou se sou ilusão de algo ou alguém. Vejo as coisas pelos meus olhos, respiro pelo meu nariz, falo através da boca, escuto pelos ouvidos e simplesmente não sei o que sou ou faço. E não é brincadeira ou viagem causada por qualquer substância. É o que é, seja lá o que isso quer dizer - se é que isso é alguma coisa e se quer dizer alguma.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Decisions about time

When someone decides whether what really exists is only the present (my here and now and stuff) or only the past and future (moving from one side to another, no matter which side this moviment starts from) and the present doesn't exist, please, let me know. Right now I'm just too lost to decide which path to follow, thanks.