sábado, 23 de maio de 2009

É.

Tinha certeza de que reencontraria quem havia desatado o nó. Certeza. E não deu outra.
Veio aquela fisgada familiar e o tremelique das pernas.
Lenine não cantou menos maravilhosamente e seu show não foi menos fantástico por causa desse acontecimento. É só que depois me veio aquela tristeza e a água caiu do céu e das janelas.
Ainda está aqui esta sensação estranha.

Show maravilhoso. Lenine, meu querido, apesar de tudo eu amo, ok?.

Quero mais um, dois, três, mil.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Complexo dos dois meses/ Moda.

Chegou o tão costumeiro complexo pra acabar com tudo. Trouxe a segurança, afastou os modos de bárbara, os tiques e transbordamentos. 
Isso broxa. Embora tente sustentar, broxo. Mas não deixo, porque dessa vez não é permitido broxar.


Mudando:

Moda fútil não.

Já pensei tantas vezes quantas foram possíveis na futilidade da minha futura profissão. Imaginei todos os anos de estudo e investimento sendo transformados em linhas, tecidos, vestidos e desfiles e pensei ser inútil. Vi amigos falando em salvar vidas, descobrir e proteger espécies animais e ecossistemas, ajudar em problemas sociais e peguei-me falando calada: que merda eu estou querendo fazer!? Vi-me cercada pelo mundo consumista e percebi que vou estimular tudo isso, ser mais uma - ou "a" - marca nas calças, vestidos e camisetas de patrícios(as). Senti-me também pressionada por toda aquela tradição da medicina e do direito, ainda mais quando pensei em fazer medicina e vi a alegria nos olhos da minha mãe ao ouvir o pensamento. Tudo isso foi ao longo do caminho e não agora, mas levei outra bofetada óbvia na cara.
O negócio é que não importa o que antes foi pensado, dito, pressionado. Convicção é o que tenho, e não corro o risco da dúvida, em hipótese nenhuma. A certeza talvez tenha chegado quando vi o que fiz para as minhas Barbies e o prazer de todo o trabalho de fazer uma idéia funcionar no tecido, na linha e agulha, ou no papel crepom e grampeador. Apesar disto, o problema da futilidade ainda embaralhou-me, e lembrei-me do que há muito havia esquecido.
Entre as milhares de folhas desenhadas, existe um papel com um projeto de ação social unido à moda, algo com educação da população, qualquer utopia -ou não, quem sabe é possível - assim. O reencontro com este trouxe para a superfície da minha memória o fato de que pode-se tornar, sim senhor, a moda algo útil.
Um exemplo da utilidade dela é a Campanha Contra o Câncer de Mama, denominada " O Câncer de Mama no Alvo da Moda", criada nos Estados Unidos e trazida para o Brasil há 15 anos pelo IBCC (Instituto Brasileiro Contra o Câncer) com a intenção de divulgar e conscientizar a população feminina sobre a importância da prevenção e tratamento deste. Uma linha de produtos foi criada por uma extensa lista de estilistas - como Alexandre Herchcovitch e Reinaldo Lourenço - e a venda das peças tem o lucro revertido para custear tratamentos, cirurgias, internações e exames, mesmo quando compradas por pessoas que não têm a menor idéia do benefício que estarão fazendo.
Idéias como esta fazem-me lembrar e enxergar que posso fazer uma moda diferente, útil. E fico em paz, não importa o que falem, tampouco quem o faça. E viva a utilidade!  

(Marina Evangelista)



E vai, na loucura insana da maluquecência (q/).