segunda-feira, 17 de abril de 2017

It's all a matter of groove (and language).

Desde que eu me lembro, sempre tive um nível de autocrítica bem elevado ou, pelo menos, imagino que assim seja. É aquilo: se faço uma crítica a alguém, tento olhar para mim e ver se eu não faço a mesma coisa. É o justo, certo? Certo.
Em uma dessas trips de críticas e autocríticas, me deparei com uma questão: o tipo de letra que costumo ojerizar quando cantada em funks brasileiros é o mesmo que me agrada em uma roupagem pop americana. E aí, como é que eu me justifico perante o tribunal dos meus neurônios? 
Procurei uma resposta e não encontrei. É nesse tipo de momento que permito-me assumir a personalidade guilt-free e aceitar que talvez o meu apreço por uma letra sacana e explícita dependa apenas do ritmo - e da língua, talvez - pelo qual ela esteja revestida - além da voz, é claro. E não há nenhuma outra razão, muito menos nobre, para esse critério de seleção.
Mostre-me qualquer funk brasileiro considerado "pesado" e, eu garanto, vou recusar-me a ouvir. Mas coloque para tocar a canção "often" (The Weeknd), na qual Abel Makkonen cantarola "baby, I can make that pussy rain", para ver se eu não sou a mais empolgada na cantoria. Shame on me, rs.
Guilt-free. E The Weeknd, com todas as suas dirty - and sexy as hell - lyrics, mora no meu coração (e nos meus ouvidos).