domingo, 10 de outubro de 2010

Tem mais alguém aí.

Um dia você acorda e percebe, no seu interior, a existência de algo/alguém cuja presença por muito tempo - talvez a sua vida inteira - passou desapercebida, até o acordar. Aquilo que agora você enxerga ali, habitando sua vida, seu corpo e sua mente não é nada mais, nada menos, do que isso: um monstro.
E não é um monstro bonitinho como aqueles de filmes infantis, que querem apenas assustar as criancinhas. É um monstro que causa asco, perturbação e espanto de um modo doentio.
Ele aparece nos momentos em que você percebe que por muito tempo não se importou com uma boa parte da sua família, e também naqueles em que você pensa "por que essa criatura está vindo falar comigo agora, se nunca falava? É porque agora estou perto? É porque agora está doente?" ao invés de simplesmente aceitar, de bom grado, uma aproximação.
É um monstro que te faz se achar superior, que faz você nem olhar para o trabalho dos seus colegas, porque na sua cabeça o seu trabalho é o mais fantástico, e ponto. É ele que também te faz ignorar e ironizar pessoas, só porque cansou das brincadeiras idiotas que elas fazem, ou porque simplesmente não vai com a cara delas.
É um bicho, um roedor, que faz com que você se sinta a pior pessoa do universo quando percebe as merdas que faz, e que nunca tinha reparado ou, se sim, havia deixado passar, pensando mais uma vez que era bobagem se importar.
E o difícil é expulsar esse monstro, porque na primeira notícia boa, na primeira conquista que você fizer, ele irá se camuflar novamente, pois o incômodo da sua presença passará - temporariamente, mas passará.
O negócio é, então, tentar nunca esquecer a sensação de dividir a sua alma com "outra" criatura, e assim tentar diariamente fechar as portas para esta.


Yes, that's all about me myself.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Editorial: Kabuki Paulistano

Pela primeira vez na história do Subimundo - e na minha -, será apresentado um pequeno editorial (ensaio fotográfico), que foi produzido e apresentado como trabalho da matéria Forma, Estética e Estesia, do curso Bacharelado em Têxtil e Moda, da Universidade de São Paulo (USP - EACH). A versão apresentada aqui é uma variação da original. I hope you enjoy!



Kabuki Paulistano

Kabuki é o nome de um estilo teatral originado no Japão durante o período Edo (1603 - 1867/68) e que perdura até hoje. Ele é caracterizado por sua extravagância nas vestimentas e, principalmente, nas maquiagens, que criam e enfatizam as expressões faciais dos atores de acordo com o sentimento que se deseja passar.

Relacionamos então o Kabuki com a cidade de São Paulo devido ao dinamismo que ambos apresentam - a existência de um palco giratório e de pontes nas peças nos remete à idéia do movimento da cidade e da imagem que fazemos dela como ponte para um modo de vida mais rico e confortável. A partir daí, pensamos nas emoções e sensações que aqueles que entram em contado e convivem com essa metrópole sentem, e as representamos então com base nas já citadas expressões faciais e maquiagens desse teatro.

As emoções escolhidas foram o Medo - da violência, dos assaltos e do que pode acontecer no próximo minuto; as sensações causadas pelas Luzes da Cidade - que são coloridas e aparecem borradas nos carros, nas janelas dos apartamentos e na iluminação das ruas, conforme passamos apressados, contrapondo também a idéia "cinzenta" que fazemos dessa cidade; a Sensualidade - a cidade como uma pessoa sensual, que atrai os olhares e o interesse de quem está ao seu redor; e a Euforia - causada pela quantidade de opções de entretenimento e cultura oferecidas 24 horas por dia.



Créditos:
Idealização, produção e direção de arte: Augusto Paz (@augusto_paz; http://augusto-paz.blogspot.com/), Frane Rodrigues (@FranFrane) e Marina Evangelista (@Evangelista_Ma).


Edição: Gerson Cruz e Sueli Ferreira de Souza.

Modelo: Beatriz Paz (@Kuro_N3ko).

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Abençoada é a privacidade mental.

Às vezes me pego agradecendo aos céus por ninguém possuir o poder de ler mentes. Imagino como seria insuportável ter que tentar controlar os pensamentos para que outros não os vissem. Ou ainda precisar codificá-los para que os que lessem não conseguissem alcançar a compreensão.
Digo tudo isso porque muitas das coisas que penso não seriam bonitas de se ver - e isso inclui vários aspectos de vários assuntos que percorrem meu cérebro diariamente. Aliás, acredito piamente que nenhum de nós pensa coisas "belas" - sim, o conceito é relativo, eu sei - o tempo inteiro. Até a pessoa mais santa - seja em questão de não fazer maldades ou de não pensar em perversões - já se viu matutando sobre o que supostamente não deveria.
Outro lado positivo da existência dessa privacidade mental é que ninguém pode simplesmente roubar suas idéias boas sem que antes elas sejam externadas. E é por isso que deve-se aprender a calar a boca nas horas certas, para não deixarmos sair por ela o que não sai flutuando do embolado dos nossos neurônios.
Não que eu esteja realmente preocupada com qualquer dessas questões, é só que o assunto de ler mentes surgiu por aí, em alguma conversa da qual já nem me lembro. Mas que é tudo verdade, isso é!