terça-feira, 27 de abril de 2010

E agora, José?

"Você andava com palhaços
E não via graça em meus poemas
A paixão é um passo descalço em cacos de dores pequenas"

(Valéria Oliveira - Dores Pequenas)




Minha raivinha e meu ressentimento ainda não passaram completamente, desde o fim do ano passado, embora tenham melhorado consideravelmente, acho eu.

Por outro lado, uma criatura que não é da mesma espécie me apareceu. Mas eu cansei de platonice.

And now?
Qu'est-ce qu'on va faire?

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Na coxia.

Bateu os pés: um, dois, três.
Cruzou os braços: um, dois, três.
Mexeu o ponteiro do relógio: cinqüenta e oito, cinqüenta e nove, sessenta.
Tocou o sinal. Lá vinha ele.
O moço sentou-se.
Ela observava cada detalhe. A barba rala perfeitamente arrumada, o cabelo cuidadosamente desalinhado.
Chegou mais perto. Ele fechou os olhos.
Ela passou suavemente o indicador sobre sua pálpebra, tão leve que ele quase não sentia.
Agora, dois dedos nas maçãs do rosto. Ele ainda parecendo descansar, exceto pelo leve vinco de concentração que se formava em sua testa.
Já haviam passado alguns minutos: um, dois três.
- Sua maquiagem está retocada, já pode ir para o palco - disse ela.
Ele abriu os olhos.
- Muito obrigada. Qual é o seu nome? - ele falou.
- Pandora. - respondeu ela, estranha.
- Muito obrigada então, Pandora - falou olhando nos profundos e grandes olhos castanhos da garota.
Levantou-se suavemente e caminhou devagar em direção à coxia.
Ela lembrou que havia esquecido de algo.
- E qual é o seu nome? - disse, a voz um pouco mais alta que um sussurro.
Ele ouvira perfeitamente.
- Thomáz - respondeu, uma intenção de sorriso aparecendo no canto da boca. Virou-se vagarosamente, quase não querendo deixar aqueles olhos, e para o palco foi. O segundo ato iria começar.
Ela paralisada, ainda com o estojo de maquiagem na mão.
Um, dois, três.


domingo, 18 de abril de 2010

Nó na garganta.

Não acho legal ter parado de escrever aqui por todos esses dias. Mas o problema é que eu já não sei mais o que falar.

Parece que me falta a criatividade, os assuntos interessantes e sobram muitas reclamações. E nada, nada de bom.

Me pergunto até quando vai ser assim e o que diabos posso fazer pra mudar tudo isso, toda essa chateação, toda essa tristeza, todo esse desinteresse e esse processo de paralisação e até retrocesso no meu crescimento como pessoa.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ultimamente...

Eu cansei de ser assim
Não posso mais levar
Se tudo é tão ruim
por onde eu devo ir?
A vida
vai seguir,
Ninguém vai reparar
Aqui nesse lugar eu acho que acabou,
Mas
vou cantar
Pra não cair
fingindo ser
Alguém que vive assim
De bem

Eu não sei por onde fui
Só resta eu me entregar
Cansei de procurar o pouco que sobrou
Eu
tinha algum amor
Eu era bem melhor
Mas tudo deu um

E a vida se perdeu
Se existe Deus em agonia

Manda essa cavalaria que hoje a fé me abandonou



(Los Hermanos - O Pouco Que Sobrou)





Hoje estou bem. É só que ultimamente tem sido bem assim. Bem bem assim.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Querendo briga.

Eu queria encontrar aquela criatura de novo, só pra perguntar se rasgou os meus desenhos por causa da namorada. E eu queria que respondesse positivamente, só pra eu poder chamar de idiota.

Ou sei lá, talvez eu só esteja querendo confusão com qualquer um.




Acho bom que não tenha rasgado, porque deu um trabalho do cacete fazer aqueles desenhos todos a troco de quase nada de emoção ao receber.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

# "I'm just way too tired"

Ao contrário do vinho, que fica melhor com o passar dos anos (não entendo nada disso), sinto que tenho me tornado uma pessoa pior a cada dia.

Fazendo jus ao medo que eu confessei ter, em um outro texto aqui escrito (Miedo que da miedo del miedo que da, 29/12/2008), estou mesmo me tornando mais intolerante. Diria até, por vezes, mais cruel.

Os últimos meses e a maior parte dos últimos acontecimentos não têm me feito bem. Talvez seja(m) esse(s) o(s) motivo(s) para tanta amargura. Mas não sei.

Talvez seja apenas o sentimento de solidão, tendo minha mãe e alguns amigos longe (ela mais do que todos, lógico). Quem sabe até o fato de eu ter que aprender a me virar mais sozinha (e como tenho aprendido) e ter que fazer e me preocupar com muito mais coisas tenha me deixado cansada demais pra me lembrar de não ter pensamentos ruins e ódios múltiplos.


Maybe I'm just way too fucking tired.


#Is This It (The Strokes).