terça-feira, 3 de novembro de 2015

Adapte-se ao amor.

           Acredito que sou uma pessoa extremamente adaptável. Sou a favor de ser uma "metamorfose ambulante", de mudar de opiniões - não gratuitamente, veja bem, sempre com algum fundamento, alguma razão realmente válida, concreta -, de ter outros pontos de vista.
Nos últimos tempos e, principalmente, nos últimos meses, entendi que a maioria das opiniões não deve ser chumbada, congelada, imutável.
            O curioso é que, ao mesmo tempo em que penso chegar no grau máximo da adaptabilidade, pego-me sendo radical neste ponto: Todos devem ser adaptáveis. Pareço agora não aceitar que, em algumas - muitas ou não - situações, talvez eu seja a única com grande facilidade de me adaptar e ceder e, então, peco sem querer ao involuntariamente desejar que os demais tenham a mesma flexibilidade.
            Peco por viver o "here and now", por crer que a minha opinião, nesse momento, é X e depois talvez, dada a mudança do cenário ou do ângulo de visão, seja Y. Antes que pareça uma falta de postura firme, esclarecerei: A falta de adaptabilidade que me incomoda nas pessoas, de um modo geral, é no tocante à convivência em comunidade/sociedade.
            Por exemplo, se você não mora sozinho, e sim divide a casa com uma ou mais pessoas, existem certas regras de convivência às quais deverá se adaptar, por mais que as mesmas não sejam verbalizadas. A mudança de situações - de morar só a morar em grupo, por exemplo - exige que haja mudança de postura, por mais difícil que seja para o sujeito - e, às vezes, a dificuldade chega a ser enorme.
            Se existem grandes obstáculos nas adaptações dentro de uma casa, imaginemos então em uma sociedade. Foquemos então na sociedade que, nos últimos anos - décadas, talvez -, tem sido colocada em contato cada vez maior com a realidade gay.
            O problema é que algumas pessoas simplesmente não conseguem aceitar e se adequar a essa "nova" - que de nova mesmo não tem nada - realidade e preferem continuar a reprodução de reações homofóbicas e constrangedoras quando presenciam alguma demonstração pública de afeto. Aí então, imagina-se que cabe a todos os LGBT optar por não agir naturalmente, policiando seus gestos consigo mesmos ou com seus parceiros(as), a fim de se protegerem de qualquer tipo de confusão.
            Nesse momento, surge o meu incômodo: Se um beijo entre dois homens, ou um carinho respeitoso entre duas mulheres em público tiver sempre de ser vetado para evitar ocasionais comentários, esses gestos nunca atingirão o status de naturais.  
            Se o amor é um sentimento natural, a expressão dele, em todas as formas e em todos os ambientes - adequados - também tem de ser. Então, esse é o meu apelo a todos: LET IT BE.