sexta-feira, 13 de maio de 2016

Do Medo.

                 Sinto como se algo muito grande e muito ruim estivesse por vir. Não estou falando isso pelo governo que está mudando. Ou pelo menos não exatamente/diretamente sobre isso, mas sim sobre uma espécie de sentimento maior que vem ganhando - ou tomando, porque não é de bom grado - um espaço cada vez maior em meio a esse momento do país. Estou falando, novamente, sobre o ódio e sobre os outros sentimentos e ações que o acompanham.
                 Não importa de que lado venha, a violência e o ódio gratuito não são justificáveis. Não importam certos ou errados, melhores ou piores, direita ou esquerda, a minha opinião ou a sua. Nada dá o direito de violar o direito do outro. Enquanto não agredirem ninguém - e aqui estou sendo literal, fisicamente -; as opiniões e manifestações são livres. Opiniões e manifestações, não preconceitos e discursos de ódio, que fique bem claro.
                  Porém, o perigo que vislumbro desconsidera e ignora tudo o que a maioria - creio - tenta tanto conquistar e/ou manter: o respeito e a liberdade. Digo isso por ter visto algo que me chocou muito, e que me deixou desesperada. Desesperada. Uma foto de dois policiais em uma imagem que aparenta ser um estrangulamento de uma garota - que, por acaso ou não, trajava uma touca, usava alargador e estava de mochila nas costas, um prato cheio pra quem gosta de rotular - que caminhava em direção a um protesto na Avenida Paulista.
                   Não sei o contexto. Não sei se a menina falou algo, se fez algo que não agradou ao todo poderoso policial, mas nada justificaria o que foi fotografado. Porém, para os senhores sábios do Facebook, qualquer coisa justifica, porque ela "é uma desocupada que não estava em casa ou no trabalho/escola, e um policial da importância dele não a agrediria sem motivos", porque, afinal, isso nunca acontece.
                   Poderia ser eu. Um dia pode ser eu, por andar na rua vestida de um modo estereotipado expressando as minhas opiniões sobre o mundo - coisa que já está sendo proibida aos professores em sala de aula, mas essa é outra discussão. Pode ser eu falando sobre a minha sexualidade. Pode ser minha namorada, que é negra. Pode ser meu amigo que já foi seguido pelos seguranças do shopping apenas pelo fato de ser negro.
                   Não que tudo isso não existisse antes, mas parece que muitos agora têm dado mais apoio a esse tipo de atitude, como uma espécie de "punição exemplar" absurdamente nojenta e arbitrária. Não dá pra entender. Apenas me parece que cresce e se aproxima um monstro de ódio, faminto, se alimentando de cada atitude odiosa e de cada apoio que se dá a ela.
                  Até a palavra "ódio", agora, me causa medo. Não irei mais usá-la levianamente. Não mais.