quarta-feira, 21 de julho de 2010

Alone, together *

É fato que as pessoas não sabem o que querem, e isso não é nenhuma novidade - não estou me excluindo, de maneira nenhuma. Mas aqui falo de uma indecisão específica: ficar em conjunto ou em isolamento. Não estou falando de relacionamentos, especificamente - aquela coisa de chove-e-não-molha que algumas criaturas fazem com outras, indecisas se constroem um relacionamento ou não -, mas sim de cotidiano. Como sempre, vou explicar-me.
Reparem só: está escuro, você está andando na rua sozinho(a) e vê um grupo de pessoas andando em sua direção - simplesmente de passagem, mas você não tem como saber. Naturalmente, te dá um certo medo de que façam algo com a sua bolsa e/ou seu corpo, não é? Portanto, nesse caso, seria preferível que a rua estivesse deserta. Por outro lado, se na mesma rua existirem vários grupos de pessoas perto do e/ou no ponto de ônibus no qual você irá ficar esperando o seu chegar, uma maior segurança te envolve, por algum motivo.
Mudando a situação, se estamos em uma micareta - e desse exemplo eu me excluo completamente, apesar do plural -, a multidão não nos assusta - penso eu -, pelo contrário, agrada, sabe-se lá como. No ônibus, porém, você prefere ir naquela cadeira individual do que sentar ao lado de um(a) estranho(a).
Sim, sei que as situações todas são completamente diferentes, mas é só que acho engraçado isso, porque tanto a multidão da folia do carnaval quanto o estranho do ônibus ou as pessoas do ponto podem fazer mal a você e, mesmo com tantas pessoas por perto, ninguém vai se meter para livrar o seu nariz. Então, de qualquer forma, você está sozinho sempre, tirando talvez os casos em que a sua mãe, seu pai, alguém com laços afetivos ou um santo está por perto.
You're alone. Be happy.




*Referência à música dos Strokes.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Impasse.

Você entra no ônibus/metrô/trem. Senta. Começa a pensar em qualquer coisa, até mesmo numa conversa imaginária de teor muito sério que gostaria de ter com determinada pessoa. E tudo se interrompe quando um(a) desconhecido(a) começa a falar para todos que tem duas filhas pequenas/é doente/está desempregado(a) e precisa de uma ajuda - em dinheiro, óbvio -, que será concedida por você ao comprar a bala/bombom/água ou simplesmente se você der algumas moedas em troca de nada além da talvez satisfação daquele(a) que pede.
Quando estou numa situação dessas fico pensando se devo ou não ajudar, ponderando sobre aspectos positivos e negativos. Primeiramente, a pessoa pode estar mentindo, não tendo nenhum filho ou doença e querer só comprar drogas ou coisa que o valha, não sendo, portanto, problema meu se ele(a) não consegue sustentar seu vício - não que algum dos outros problemas seja realmente meu, aliás, porque contra filho tem camisinha e contra doença tem remédio que, supostamente, não é obrigação minha comprar. Como segundo aspecto negativo, eu posso estar incentivando a pessoa a não ir procurar um emprego com mais vontade, o que o(a) torna um(a) vagabundo(a) e eu uma parte de seu "sustento" desmerecido.
Por outro lado, eu poderia dar alguma alegria - por mínima que seja - a essa pessoa, ajudando-a a comprar o que ela precisa/diz precisar, embora em geral eles(as) nunca parecem lá muito agradecidos/alegres pela ajuda - tudo bem que a situação dele(a) é ruim, bem ruim, mas um "obrigado(a)" não custa nada. Poderia também tirar um suposto peso da consciência, se eu estiver achando que é obrigação minha ajudar, pelo fato de eu estar em uma melhor situação financeira. Por fim, posso proporcionar um doce/salgado para mim, se o que pede estiver oferecendo algo em troca.
Geralmente acabo me recusando a ajudar e volto a pensar na conversa imaginária, mas às vezes me rendo. O chato é que sempre fico nesse impasse. Sempre.

sábado, 17 de julho de 2010

Matutando sobre almas.

Quinta-feira assisti a um filme chamado "Almas Vendidas". Ele gira basicamente em torno de um ator americano angustiado pelo fato de não mais conseguir separar sua vida, personalidade e alma da vida, personalidade e alma das personagens que interpretava, especialmente da última.
O ator, angustiado, recorre ao "Depósito de Almas", local onde as pessoas vão para extrair e armazenar suas almas, podendo até alugar almas alheias para ocupar o vazio.
A mensagem principal do filme, para mim, é a de que as pessoas são capazes de qualquer coisa para livrarem-se de suas angústias e sofrimentos, chegando ao ponto de trocar sua alma, pesada de tristeza, por outra supostamente mais leve.
É a partir daí, desse momento, que começo a entender - penso eu - aquelas pessoas que seguem "modinhas" ao longo de suas vidas - ou só durante a adolescência, I don't know -, ou ainda aquelas que mudam completamente, seja de visual ou de comportamento - bom ou ruim - ao andarem com novos "amigos" ou namorados (as).
Explico-me: ao mudar completamente - e agora não falo exclusivamente do visual -, a pessoa que o faz pode estar tentando, mesmo que inconscientemente, "mudar" de personalidade, "trocar" sua bagagem de angústias, ou mesmo de vergonhas pequenas e bobas e arrependimentos. Trocar suas malas pesadas por outras mais leves - ou assim consideradas. É como se quisessem reinventar-se, não por uma complexa necessidade/vontade de tornarem-se pessoas melhores, mas sim para tentar deletar sofrimentos passados.
Devo dizer que tudo isso - seja trocar de alma ou de personalidade, num conjunto de visuais, ações, trejeitos e opiniões - é sinônimo de fraqueza. Não se pode e nem se deve desejar apagar todo um passado, um conjunto de momentos simplesmente porque lembrar disso é incômodo.
Não quero dizer que se deva conformar em viver com angústia e sofrimento, absolutamente. Deve-se lutar para amenizar e transformar isso em algo que não ofusque as alegrias, felicidades e momentos de orgulho, mas, de modo algum, devemos tentar nos livrar, apagar completamente o que fizemos e o que fomos em momentos ruins, pois isso faz parte de quem somos agora, profundamente.
Não sejamos fracos e covardes o suficiente para retirarmos e armazenarmos nossas almas algum dia, em algum lugar que não seja o nosso corpo, pois no dia em que a ciência permitir uma operação dessas, será o fim da originalidade individual da raça humana.


P.S.: não sei se deu pra entender, mas é isso aí. E o filme está nos cinemas, ou pelo menos em um aqui em São Paulo. Recomendo, apesar de dar um pouco de tédio depois de um tempo.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Bloqueio.

Devo confessar que, antes de escrever as palavras de agora, tentei escrever três vezes, cada vez um assunto completamente diferente do outro. Detesto quando isso ocorre, mas penso ser culpa minha. É que no momento quero me forçar a escrever algo interessante, bacana, para ser apreciado por mim - e por outros, claro. Mas não está saindo. Me pergunto se o fato de eu estar de férias e com a cabeça relaxada não influencia, porque esse descanso me deixa ainda mais preguiçosa.

Só ando fazendo coisas fáceis: leio o que quero, durmo, como e assisto House. Não desenho há dias e não escrevo nada atraente, ou seja, não faço nada que me exija criar ou treinar habilidades. O pior é que até tenho a vontade. Falo "vamos, criatura, pára de ficar assistindo House e vá desenhar alguma coisa! Você vai se arrepender de não ter aproveitado o tempo livre para fazer os desenhos que está devendo para os amigos!", mas a inércia me vence. Só me vence porque permito, mas ainda assim..

Amanhã vou fazer algo que preste. Se a inércia não me vencer. De novo. E outra vez. E mais uma...


segunda-feira, 12 de julho de 2010

Closer.

Só pra dizer que a dona Sueli Ferreira de Souza, vulgo minha mãe, tem um blog no qual posta seus trabalhos como fotógrafa.
Sem querer ser puxa saco, ela ahaza! Visitem always:

E só pra constar, o aniversário dela foi dia 2 de julho, dêem parabéns! =DD

quinta-feira, 1 de julho de 2010

(In)substituível.

Lembro-me de determinado momento do ano passado, no qual certa criatura dizia que, nessa sociedade capitalista, nada nem ninguém no mundo é insubstituível. Devo dizer que discordo.
Tudo bem que, considerando o contexto, provavelmente falava-se em um aspecto profissional - que nenhum técnico é insubstituível - mas pelo que conheço da criatura, não duvidaria que estivesse falando em um aspecto pessoal também - afinal, sempre vai haver alguém idiota o suficiente para fazer e entregar desenhos para ele, por pura vontade de ver as expressões faciais.

De qualquer forma, discordo em ambos os aspectos. Um profissional SÓ é substituível se em seu lugar for posto um ainda melhor - trocar por um mais barato não é válido.
Trocar uma pessoa que gosta de você e faz desenhos X por outra que também gosta mas faz desenhos Y não funciona. Os traços são diferentes, únicos. O modo de gostar é igualmente incomparável.

Para aquele que gosta, o objeto do gostar também não pode simplesmente ser posto no lugar do outro - sim, falo por mim. Cada um tem suas características, seus trejeitos que, mesmo alguns deles sendo irritantes, são admirados pelo conjunto da obra. Conjunto esse que um outro qualquer não terá, pois serão outros modos, que por mais que que lembrem os do anterior, não são iguais. E nunca serão.

That is my point: eu não substituo ninguém. O novo é colocado ao lado do velho na estante. E todos vão, assim, ocupando espaço. Muito espaço.




P.S.: sim, ainda estou em processo de recuperação. E não me venham com "ainda?" e muito menos risadas. Some respect, please.
P.S. 2: pelo menos existe um novo, aparentemente.