sábado, 17 de julho de 2010

Matutando sobre almas.

Quinta-feira assisti a um filme chamado "Almas Vendidas". Ele gira basicamente em torno de um ator americano angustiado pelo fato de não mais conseguir separar sua vida, personalidade e alma da vida, personalidade e alma das personagens que interpretava, especialmente da última.
O ator, angustiado, recorre ao "Depósito de Almas", local onde as pessoas vão para extrair e armazenar suas almas, podendo até alugar almas alheias para ocupar o vazio.
A mensagem principal do filme, para mim, é a de que as pessoas são capazes de qualquer coisa para livrarem-se de suas angústias e sofrimentos, chegando ao ponto de trocar sua alma, pesada de tristeza, por outra supostamente mais leve.
É a partir daí, desse momento, que começo a entender - penso eu - aquelas pessoas que seguem "modinhas" ao longo de suas vidas - ou só durante a adolescência, I don't know -, ou ainda aquelas que mudam completamente, seja de visual ou de comportamento - bom ou ruim - ao andarem com novos "amigos" ou namorados (as).
Explico-me: ao mudar completamente - e agora não falo exclusivamente do visual -, a pessoa que o faz pode estar tentando, mesmo que inconscientemente, "mudar" de personalidade, "trocar" sua bagagem de angústias, ou mesmo de vergonhas pequenas e bobas e arrependimentos. Trocar suas malas pesadas por outras mais leves - ou assim consideradas. É como se quisessem reinventar-se, não por uma complexa necessidade/vontade de tornarem-se pessoas melhores, mas sim para tentar deletar sofrimentos passados.
Devo dizer que tudo isso - seja trocar de alma ou de personalidade, num conjunto de visuais, ações, trejeitos e opiniões - é sinônimo de fraqueza. Não se pode e nem se deve desejar apagar todo um passado, um conjunto de momentos simplesmente porque lembrar disso é incômodo.
Não quero dizer que se deva conformar em viver com angústia e sofrimento, absolutamente. Deve-se lutar para amenizar e transformar isso em algo que não ofusque as alegrias, felicidades e momentos de orgulho, mas, de modo algum, devemos tentar nos livrar, apagar completamente o que fizemos e o que fomos em momentos ruins, pois isso faz parte de quem somos agora, profundamente.
Não sejamos fracos e covardes o suficiente para retirarmos e armazenarmos nossas almas algum dia, em algum lugar que não seja o nosso corpo, pois no dia em que a ciência permitir uma operação dessas, será o fim da originalidade individual da raça humana.


P.S.: não sei se deu pra entender, mas é isso aí. E o filme está nos cinemas, ou pelo menos em um aqui em São Paulo. Recomendo, apesar de dar um pouco de tédio depois de um tempo.

Um comentário:

  1. Eu entendi direitinho, hehe. E, putz, concordo plenamente. Mudar é bom, principalmente quando traz melhorias. Mas mudar a sua essência, apagar o que passou, não é certo. O que passou vai ficar e você vai ter que levar para sempre, por pior ou melhor que seja.
    Eu estou num desses momentos de mudança. Tentando reparar alguns danos e levando coisas ruins como lições. Espero fazer direito. (yn)

    Beigoshermana! <3

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