domingo, 28 de agosto de 2016

Meio complicado, meio esquisito, sei lá.

Ainda não comecei a ler o livro que acabei de baixar. Falo como se estivesse tendo uma conversa interna com essa página em branco, rs. "O Livre Arbítrio", de Santo Agostinho. É esse o livro de que falo. É que ando para cima e para baixo com uma ideia fixa. Certa, errada, tando faz. Mas é uma ideia. Comecemos.

O livre arbítrio que acreditamos ter é, na verdade, limitado. Alguém já deve ter falado sobre isso, mas ainda não li. Quando ler, volto a escrever, talvez com outra visão.
O fato é que, pelo fato de sermos como somos - cada um com seu conjunto de complexidades -, temos uma gama de ações e decisões que somos capazes de tomar ou não.
Primeiramente, nesse conjunto de complexidades, vêm as questões estabelecidas pela genética. É nesse primeiro ponto que uma considerável parte do que teríamos de livre arbítrio já nos é roubada. Temos deficiências, transtornos mentais - graves ou não -, orientações - sexuais, por exemplo - e limitações que já não nos permitem fazer uma parcela do que supostamente seríamos livres para fazer. Já nos é colocada uma barreira antes mesmo de tomarmos consciência sobre as possibilidades existentes.
Em seguida, temos as relações. A primeira delas também não escolhemos: a familiar. E essa já molda e transforma o indivíduo de uma maneira extremamente forte e, algumas vezes, de forma irreversível. Em outro livro que estou folheando - O Ciclo da Auto-sabotagem -, o psicólogo cita casos de pacientes que buscam inconscientemente em suas relações a reprodução - ou o complemento - de tudo o que tiveram - ou deixaram de ter - na infância com seus pais. Ou seja, inconscientemente, já não somos tão livres para escolher os tipos de relações que queremos, pois em maior ou menor grau estamos condicionados a buscar um modelo - independente de qual seja - que já foi digerido e fossilizado em nosso íntimo como sendo o necessário para estarmos em nossa zona de conforto familiar - por mais desconfortável que a relação possa, na verdade, ser.
Por fim, as próprias relações outras que estabelecemos com as mais diversas pessoas ao longo da vida - e as situações que envolvem esses relacionamentos - vão nos moldando de tal maneira que em algum ponto, nós mesmos acabamos por tomar atitudes - ou deixamos de tomá-las - sem nem conseguirmos explicar o motivo. Estamos, de alguma forma, sim, condicionados.
Somos livres para escolher e fazer uma série de coisas, claro. Mas a gama de possibilidades parece ser, no fim das contas, bem mais limitada do que pensamos. A saída é tomarmos o máximo de conhecimento sobre nós mesmos para, talvez assim, sermos realmente livres.
Complicado.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Cá, eu (fui até o ponto).


Não sou de ilustrar textos, mas como acredito que, em algumas situações, atraímos o que habita os nossos pensamentos, assim calhou de ser, e essa imagem me caiu no colo, despretensiosa.
Há tempos divago sobre a complexidade do ser humano em si. Mais ainda, do cérebro.
Parece que não interessa o quão racionais e precisos possamos ser nessa busca eterna de apreender o significado de existir e o porquê de funcionarmos do jeito que funcionamos. Lá no fundo, sempre há um outro mistério. Lá dentro de algum lugar que não sei bem se é o cérebro ou a alma, há sempre algo que deixamos escapar.
Gesticulamos sem entender a razão do gesto. Buscamos situações para saciar a fome de emoções, e muitas vezes não sabemos de que é essa fome, ou a razão de a termos.
Existe um labirinto interno, com um começo e um fim, onde o começo parece ser a simples existência - do ser e das situações - e o fim é a completa compreensão do significado de tudo isso. O caminho de um ponto a outro é complexo, confuso, cheio de idas e vindas, mas vale o esforço (ou, pelo menos, queremos acreditar que sim).


P.S.: A imagem é obra da artista argentina Sofia Bonati. Amorzinho descoberto ao acaso e cujas obras me lembram algo de Klimt, não sei por quê.