segunda-feira, 9 de maio de 2011

Can I look to your blue eyes?

"Veio até mim. Quem deixou me olhar assim? Não pediu minha permissão." (Céu - Malemolência)

Parece que esse processo, essa cerimônia e essa necessidade de uma permissão para olhar para o outro realmente existe. Por que será?
Talvez a percepção - ou não, pode ser inconsciente mesmo - de que o corpo, no final das contas, é o nosso único território verdadeiro e garantido, nos desperte o instinto de delimitá-lo, de protegê-lo, mesmo que seja apenas de olhares inofensivos.
Em uma cidade tão grande, com tantas pessoas para serem observadas, isso pode ser acentuado. Não (só) porque se deve proteger o corpo contra muitos outros, mas sim porque surge a questão: "com tantas pessoas aqui, por que essa criatura está olhando para mim desse jeito?"
A impressão é de que, com o advento da tecnologia e suas telas, observar o corpo alheio - ou parte dele - diretamente, ao vivo, é um ato que só pode ocorrer quando existe um estranhamento ou interesse. E isso pode ser até relacionado com o julgamento de feio/bonito fisicamente. "Pode ser" não: é.
Não se pode mais olhar despretensiosamente, sem realmente ver, pois, quando você perceber que está olhando pra uma pessoa, provavelmente ela já estará com o olhar cheio de armas, questionando o seu silenciosamente - "o que é? Tá me achando bonita(o)/feia(o)?". Ou não, vai saber.



Posso olhar pra você?

Um comentário:

  1. Não só pode como deve olhar para as pessoas, ao vivo e a cores! O Advento da tecnologia com tudo de maravilhoso que nos trouxe, sem dúvidas nos tirou coisas preciosas, como olhar de verdade, falar de verdade,sentir e tocar de verdade.Pensei e falei nisto semana passada. Mas uma coisa voce pode ter certeza, quando o olhar tem alguma coisa além da análise de feio(a) ou bonito(a) certamente voce notará.Acredito seriamente que um olhar diz mais do que mil palavras,e muitas vezes a boca diz uma coisa e o olhos dizem outra, pode crer! ;)

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