quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Quem viu, não desverá. Quem souber, não dessaberá. E o que fazer com a imagem captada, com a consciência? De que adianta ter consciência do fim e do que deve ser feito até a chegada dele? E o que há de ser feito, se alma alguma sabe ao certo? E para que ser feito, se no fim o fim chega? Penso, penso e canso. E nauseio. E penso se há alguma função em pensar, e se não é melhor desistir de. Talvez sim, talvez não, talvez entre os dois. Não sei em que momento caí nessa armadilha que é a consciência da realidade. E tampouco sei se é armadilha, se há consciência ou realidade. Então lembrei de uma memória antiga, que já nem sei se memória ou invenção - ou as duas, ou uma na outra, ou a outra na uma. Quando era pequena - e nunca deixei de ser e nunca deixarei, nos mais diversos sentidos físicos e melosamente pseudo-existenciais e poéticos -, às vezes via as coisas pelos meus olhos e não sabia se aquilo que achava que era eu - a minha pessoa - existia. Vez ou outra caio nessa de não saber se existo ou se sou ilusão de algo ou alguém. Vejo as coisas pelos meus olhos, respiro pelo meu nariz, falo através da boca, escuto pelos ouvidos e simplesmente não sei o que sou ou faço. E não é brincadeira ou viagem causada por qualquer substância. É o que é, seja lá o que isso quer dizer - se é que isso é alguma coisa e se quer dizer alguma.

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