quarta-feira, 21 de junho de 2017

A gente vive correndo, trabalhando, correndo, trabalhando. E, de qualquer maneira, estamos sempre devendo. Dinheiro, conhecimento, explicação, satisfação. Cansa. E cansa grande. Exaure. Gasta, desgasta, seca a alma. Frustra, empobrece o cérebro. E daí surge um mistério. O mistério de sobreviver em meio ao caos e à exaustão. Talvez não. Talvez não sobreviva, mas a gente tenta. E aí canta, pinta, desenha. Escreve crônica, conto, resenha. Tenta achar lenha. Pra manter o fogo aceso e em desespero não entrar. Vontade de gritar. Gritar o saco cheio, a falta de respeito, de esperança e segurança. Cansa. Exaure. Já falei, repito. Cansa, exaure. Me lembra o barulho de um trem em movimento: cansa, exaure, cansa, exaure, cansa, exaure. Às vezes o trem solta um apito, que a gente pode entender como nosso próprio grito em meio a esse cansar infinito. Grito de surto psicológico ou grito de surto artístico, tanto faz. No fim, os dois são semelhantes - ou são a mesma coisa, não se sabe.

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