quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Apto. 64

Tinha chegado bêbada em casa. Não era de fazer isso frequentemente, só quando precisava desesperadamente. Por sorte, morava sozinha em um apartamento cool numa avenida movimentada de São Paulo. Ninguém encheria seu saco, então.

20 anos de idade. Sim, um tanto jovem para morar sozinha. Mas ela era de família rica e sempre teve a confiança dos pais. Também era cheia de sorte: aliou-se a um amigo que fizera naquela boa faculdade de moda e, os dois cheios de talento e grana para investir, resolveram abrir uma pequena loja num cantinho da Rua Augusta. Um tiro muito certeiro, considerando que as It Girls e It Boys paulistanos agora só compravam lá, o que deixava os dois sócios com um lucro gordinho.

Não, a vida dela não era perfeita. Por ser uma mulher de atitude, muitas vezes se ferrava. Com eles. Os rapazes, quero dizer. Ou pelo menos ela achava que o problema era esse, pois foi o que sua mãe dissera na última conversa sobre homens. Era corajosa. Ou assim acreditava, pois o último para quem resolvera confessar o seu gostar dissera isso durante aquela conversa. Talvez ela só estivesse ouvindo muito os outros.

Tinha um vício: cigarros. Fumava Marlboros vermelhos excessivamente, apesar de não gostar do cheiro da fumaça. Na verdade, fumava só porque achava elegante o cigarro na piteira (e ela só fumava na piteira). Idiotice de jovem da moda. Várias vezes furava os dedos na tentativa de costurar e fumar ao mesmo tempo. E tinha mania de prender os cabelos antes de acender o Marlboro e escovar os dentes depois de apagá-lo, para diminuir o cheiro que ficava.

Dessa vez, ela havia bebido não por um problema amoroso, como era de costume. Era só porque um filho da puta usara os desenhos que ela fizera de presente pra ele como estampas de camisetas da grife concorrente. E estavam vendendo bem as camisas, diabos.
Obviamente, ela iria processá-lo. Mas só quando a ressaca passasse. Gostava demais dele, mas mexer com os negócios era imperdoável. Nem por outra noite fantástica ela deixaria passar. Ou assim ela pensava, bêbada.

Giullia Mansonni caiu no sofá e apagou, com os pés calçados.










P.S. Sobre a vida real: essa noite Ele invadiu meu sonho. E foi bom. Aí eu acordei e lembrei que a verdade dessa história era uma merda.com, =DD.

3 comentários:

  1. Eles sempre invadem. É um povo sem respeito --'


    Ah, e muito boa, viu. Espero que continue.

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  2. Gostaaaaaay! Trate de continuar, RUM!

    P.S.: Mansonni, euridici.

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  3. "O ministério da saúde adverte: fumar causa sérios problemas de saúde."

    Ficou show de bola. Sistigue, escreva mais -rs

    o/

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