segunda-feira, 30 de agosto de 2010

É tudo relativo.

Sempre achava estranho - e até revoltante - quando me diziam que eu não sabia o que era amor, e a justificativa para essa afirmação era a minha idade - e nas épocas em que falavam, a minha idade era realmente muito pouca, bem menos do que é hoje, que ainda é um nada.
Ficava pensando, irritada: mas como é que você pode saber, se não está dentro de mim? Como é que pode afirmar com tanta certeza assim, se o que você enxerga - literalmente - é diferente do que eu vejo?
Não digo que estivessem realmente errados em dizer que eu não sabia - porque eu sentia e não pensava sobre isso -, mas é que me parece mais uma questão de proporção. Vou explicar mostrando o que imaginei ser uma evolução dessa proporção na minha história.
Quando estava lá pela 5a série, gostava de um garoto que nem sabia meu nome - pois é, o negócio de platonismo começou cedo. E achava que gostava demais.
Ao vir pra São Paulo, em 2006, gostei de outro menino, e me parecia que era um sentimento muito maior do que o anterior, absolutamente.
Ano passado, outro - na verdade homem, não mais menino. E eu gostava tanto, mas tanto que doía (muito) e pela primeira vez eu sentia necessidade de falar na cara o que estava se passando - e falei, para tirar a dúvida sobre o fato de ele saber ou não e finalmente acabar com a tortura de um ano inteiro.
Provavelmente gostarei de muitos outros, e a cada vez acharei que gosto mais do atual do que do anterior, mas ainda assim cada um desses casos terá sido amor, porque tudo o que senti é o que se "define" como amor na minha concepção - não que eu tente colocar em palavras. Essa é a idéia - os sentimentos - que eu associo à essa palavra, e ninguém mais vai saber como é, porque a noção individual disso é variável simplesmente pelo fato de que ninguém enxerga igual e muito menos sente da mesma forma. E ponto.
Tudo o que senti até agora, para outra pessoa pode não ser identificável como amor, simplesmente pelo fato de que nunca foi concretizado fisicamente, enquanto para mim isso significa ainda mais que o é, pois, se não fosse, não resistiria à falta de contato.
O entendimento do que é amor é relativo, e não há como alguém ficar comparando o seu gostar com o de outro, porque sequer conseguimos traduzir em palavras o que sentimos. Sentimento não é matemática, não se pode comparar resultados finais.
Digo sim que amei. Proporcionalmente ao que entendia desse sentimento em cada idade, mas amei.




P.S.: fui procurar o significado de "amor" no dicionário online Michaelis - sim, eu fiz isso -, e entre as definições que estavam juntas, achei:
"Grande afeição de uma a outra pessoa de sexo contrário."
"A. lésbico: o mesmo que safismo."
"A. platônico: relação estreita entre duas pessoas de sexo oposto, sem realização de atos sexuais."

Comento: por que se fala de A. lésbico e não de gay em geral? Aliás, por que diabos tem que separar? Simplesmente "amor" é só para héteros e os outros têm que ser classificados? Estranho..
A. platônico para mim não tem contato íntimo nenhum, nem beijo. E, novamente, por que tem que ser do sexo oposto? Gays não têm amor platônico? Não entendo.

7 comentários:

  1. Acredito que o amor é sentido da mesma forma pelas pessoas, mas cada um externa ou não o amor de uma maneira,senão tantas vezes as músicas não traduziriam tão perfeitamente o que chegamos a sentir e pensamos: " nossa esse cara está sentindo exatamente como eu sinto!". Obviamente que a definição no Michaelis está pra lá de equivocada traçando essa diferença entre amor gay ou hetero, pois o amor não tem sexo, mas no país da hipocrisia nem o dicionário escapou!

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Posso? Que bom então..rs.
    Eu tenho perdido no meu blog um tópico sobre uma questão parecida: como definir o amor? qual a sua natureza? lá eu sugiro que talvez a melhor forma de responder a ela é enumerando o que não pode ser o amor para daí extrairmos disso algum conceito...algum, pq de fato, well...
    O bom texto escrito pela Marina esboça o que pode ser o amor pela ótica de uma experiencia particular consciente subjetiva. Ninguém pode dizer o que eu sinto, quando muito pode apenas se aproximar da idéia refletindo sobre o meu sentimento a partir da própria experiencia particular consciente subjetiva. A dor da minha dor de cabeça só eu conheço, ainda que outras pessoas saibam o que é uma dor de cabeça. De modo, que sim, Marina amou.
    E a mommys complementou direitinho.
    Marina, para vc eu tenho apenas uma coisa a mais a dizer: Keep on going!!!

    ResponderExcluir
  4. na verdade eu tenho outra tbm: beijos ne!! rs
    nas duas!!:)

    ResponderExcluir
  5. Tia Sueli, ali em cima, falou bonito. Assino embaixo! :B

    ResponderExcluir
  6. Respondendo em ordem:

    É mãe, talvez a diferença esteja mesmo na forma de demonstrar ou não o sentimento, e no fim das contas todos sentimos as mesmas coisas. Mas, por enquanto, tendo como única prova de semelhança as músicas que "falam por nós" e levando em consideração que isso é uma questão de interpretação das letras e, portanto, pessoal e individual, ainda não é suficiente para me fazer acreditar que todos sentimos da mesma maneira. Mas talvez alguma prova mais concreta, científica surja e prove que estou realmente equivocada. Mas tá tudo na paz, de qualquer forma, =D.

    Cris, é claro que você pode comentar, né, não preciso nem falar.
    Esse texto do seu blog eu li, e até me inspirei nele pra falar disso tudo. E acho que enumerar o que não é amor é uma forma válida e interessante de tentar identificá-lo de alguma maneira.
    Enfim, o que acho é que realmente as pessoas não sentem as coisas, entre elas o amor - e principalmente ele - da mesma forma.
    E obrigada pelo incentivo! ;)
    Beijos!

    Hermanita querida, saudades de você! E eu sei que estou devendo seu desenho e o do Gigante, mas resolverei isso na "semana de saco cheio" que vai ser agora e vou ter um tempãããão! =DD
    Bejo.

    ResponderExcluir
  7. Ih, adorei! Quero uma semana dessas também D:
    Provas e trabalhos... tá tudo embolado por aqui! :S

    Beigos <3

    ResponderExcluir